EUA suspendem a entrega de novos caças para o Iraque

Temor é que milícias xiitas iranianas possam ter acessado dados sigilosos dos F-16IQ da força aérea iraquiana

Por Gabriel Benevides e Edmundo Ubiratan Publicado em 05/02/2020, às 07h00 - Atualizado às 08h15

Força aérea iraquiana estava sendo modernizada com novos aviões norte-americanos, como o caça F-16

O governo dos Estados Unidos suspendeu a entrega dos caças F-16IQ Fighting Falcon para a força aérea do Iraque. A medida ocorreu após análise dos setores de inteligência que demonstraram preocupação referente ao uso da tecnologia dos aviões pelas forças do Irã.

Os Estados Unidos se mostraram preocupados com a segurança de seus cidadãos e retiraram do Iraque as equipes de manutenção especializadas no F-16. Atualmente existe preocupações com a segurança dos caças, estacionados na base aérea de Balad, que sem as o apoio norte-americano podem estar vulneráveis à ação de agentes do governo iraniano ou mesmo de milícias locais.

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A decisão de postergar a entrega de novos aviões ocorreu após a escalada das tensões desencadeadas com a morte do comandante iraniano Qasem Soleimani, no início de janeiro. Sem contar com o apoio de forças militares do Pentágono os funcionários das empresas privadas norte-americanas optaram por deixar o Iraque.

Autoridades dos Estados Unidos e Iraque temem que o programa F-16IQ possa estar vulnerável a apreensão de milícias apoiadas pelo Irã. Atualmente diversas forças iranianas possuem amplo acesso a setores diversos do governo de Bagdá, incluindo as forças armadas.

Devido a preocupações com a segurança de seu pessoal, que apoia as operações iraquianas do F-16 na base aérea de Balad, a Lockheed Martin iniciou a evacuação de seu pessoal em 4 de janeiro de 2020. Com o aumento das tensões, incluindo constantes ataques as forças de segurança iraquianas, a Sallyport Global, empresa contratada pela Lockheed Martin, foi forçada a deixar o país.

O grupo paramilitar xiita Asa'ib Ahl al-Haq é conhecido por operar nas áreas ao redor de Balad e pode ter tido acesso a dados sigilosos dos aviões. Sem pessoal próprio na base não há como o Pentágono verificar se houve algum tipo de coleta de informações ou mesmo acesso as aeronaves.

“No momento em Balad não há nada. Não há pessoal que forneça segurança”, afirmou um funcionário do governo norte-americano. “Quanto à tecnologia, uma vez comprometida não há nada que possamos fazer”.

Outro temor dos militares norte-americanos é que sem um apoio formal da Casa Branca o governo iraquiano possa adquirir meios militares de outros países, em especial da Rússia. Recentemente o parlamentar iraquiano Karim Elaiwi, membro do comitê de segurança e defesa, disse ao Wall Street Journal que o Iraque poderá buscar outros meios de garantir sua segurança, especialmente com relação a compra de baterias antiaéreas, consideradas fundamentais para defesa contra um eventual ataque iraniano. “Precisamos obter esses mísseis, especialmente depois que os norte-americanos nos decepcionaram muitas vezes por não nos ajudarem a obter armas adequadas”, afirmou.

O Iraque poderá adquirir as baterias S-400 de fabricação russa, o que ajudará a deteriorar ainda mais a relação entre Bagdá e Washington.

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