EUA devem atingir US$ 1 trilhão em orçamento de defesa em 2026, metade do PIB do Brasil, com foco em modernização e novos programas militares
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 08/09/2025, às 12h00
Os Estados Unidos devem alcançar pela primeira vez a marca de US$ 1 trilhão em seu orçamento de defesa a partir do ano fiscal de 2026. O valor, confirmado pelo secretário de Defesa Pete Hegseth após anúncio do presidente Donald Trump, representa um aumento estimado de 9% em relação ao pedido de 2025 e equivale a aproximadamente metade do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2024.
O orçamento previsto inclui não apenas os recursos discricionários do Departamento de Defesa (DoD, na sigla em inglês), mas também gastos obrigatórios e despesas adicionais relacionadas à defesa, como programas nucleares do Departamento de Energia.
Caso o Congresso aprove ajustes ainda para 2025, há possibilidade de a marca simbólica ser atingida antes mesmo do prazo, considerando os pacotes de auxílio externo e suplementações orçamentárias em análise.
Apesar da dimensão do número, a elevação não representa ruptura na trajetória de crescimento dos gastos militares norte-americanos. Projeções do próprio DoD indicavam que o limite de US$ 1 trilhão seria atingido até o fim da década, possivelmente em 2029. A aceleração, contudo, antecipa esse marco em pelo menos três anos e mantém a despesa em torno de 3,1% do PIB dos Estados Unidos, patamar próximo ao observado nas últimas administrações.
A maior parte da expansão deve ser direcionada a investimentos e prontidão operacional, já que o governo planeja reduzir ou realocar cerca de 8% do orçamento atual para liberar espaço a novas prioridades. Programas estratégicos como o Next-Generation Air Dominance (NGAD), da Força Aérea, e o F/A-XX, da Marinha, tendem a concentrar parte significativa dos recursos. Estima-se também que a fatia destinada a aquisições aumente dos atuais 19,1% para mais de 21% até 2027.
Outro ponto em avaliação é a destinação de recursos para pesquisa e desenvolvimento. O plano deixado pela administração Biden projetava queda desse segmento de 16,4% em 2025 para 15,1% em 2027. Com a expansão orçamentária, especialistas apontam possibilidade de reversão dessa tendência, especialmente diante de novos programas de defesa antimísseis e da incorporação de tecnologias emergentes.
O anúncio ocorre em um momento em que Washington busca reforçar sua capacidade militar diante de tensões geopolíticas crescentes. Embora a cifra trilionária impressione, analistas destacam que o movimento é a continuidade de uma estratégia de modernização já em curso e não altera de forma substancial a proporção dos gastos de defesa em relação à economia norte-americana.