Empresas aéreas poderão economizar bilhões de dólares em combustível

Contratos de hedge poderão permitir as empresas aéreas economizarem bilhões de dólares nos próximos anos

Por Edmundo Ubiratan Publicado em 03/08/2022, às 15h55

Variação do preço do petróleo tem impactado fortemente o setor aéreo - Air BP

As empresas aéreas que fizeram hedges de petróleo podem economizar bilhões de dólares nos próximos meses, invertendo o cenário negativo desse tipo de negócio que impactou severamente o setor em 2020.

O hedge é uma estratégia de negócio que visa proteger o valor de um ativo contra variações futuras. No caso dos combustíveis, as empresas aéreas acertam um valor predefinido nas compras futuras, neutralizando assim o risco de grandes variações futuras. Ou seja, compra-se o combustível pagando um determinado valor, caso ele aumente de preço a empresa está blindada contra a variação. Todavia, se houve redução no valor, como ocorreu em 2020, as empresas aéreas continuam pagando o valor de contrato, que neste caso estava muito acima do preço de mercado.

Se em 2020, um cenário inédito fez as empresas aéreas perderem bilhões de dólares em derivativos de petróleo, em um momento de quase paralisação do transporte aéreo global, agora o cenário é positivo e poderá representar uma importante economia durante o processo de retomada do setor.

Segundo a agência Bloomberg, a norte-americana Southwest Airlines e a europeia Air France-KLM podem ganhar cerca de US$ 1 bilhão (R$ 5,28 bilhões) cada com suas políticas de hedge. A economia nos gastos com combustíveis ocorre em um momento de escalada dos preços, especialmente após a invasão russa na Ucrânia. Já a irlandesa de ultrabaixo custo Ryanair, informou na semana ter registrado benefício de 1,6 bilhão de euros com seus contratos futuros de combustível, bem como outros contratos associados ao combustível de aviação.

Ainda de acordo com a Bloomberg, a IAG SA, controladora da British Airways, o hedge de combustível vale cerca de 1,2 bilhão de euros (R$ 5,36 bilhões), enquanto a fatura combustível aumentou 45% em relação ao ano passado, em comparação com um aumento de 150% nos preços do combustível de aviação.

A aviação global assiste, na média, uma forte retomada da demanda por viagens aéreas, mas enfrenta uma série de desafios, incluindo a alta no preço dos combustíveis. Entre abril e maio o barril de petróleo Brent foi cotado acima dos US$ 220, um dos mais altos valores da história. Atualmente, nos Estados Unidos, o valor está na média de US$ 140. Usualmente as empresas aéreas optam por contratos de hedge de combustível quando o valor do barril ultrapassa a marca dos 100 dólares. As companhias aéreas compram derivativos de petróleo, incluindo swaps e opções de compra, visando proteger seu caixa futuro, mesmo diante de uma pequena margem de ganho em um cenário estável.

Ainda assim, nem toda empresa aérea opta por este tipo de contrato. Entre os motivos está o consumo diário, que sem casos de companhias com frotas com centenas de aviões acaba não fechando a conta, além de agregar um risco futuro caso o petróleo reduza de preço.

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