Boeing enfrenta atrasos no cronograma e redução da demanda no mercado de voos internacionais
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 03/02/2021, às 16h00 - Atualizado às 16h37
Emirates poderá reduzir em até 40 unidades do pedido original do 777X
A Emirates Airline estuda converter até um terço dos seus pedidos para o Boeing 777-9 por aviões da família 787 Dreamliner. Recentemente a empresa já havia optado por reduzir sua encomenda para o novo Triplo Sete, optando justamente por adicionar o 787 na frota.
De acordo com a agência Bloomberg, a Emirates que possui 115 compromissos firmes para o 777X estaria negociando converter entre trinta e quarenta unidades para o 787. Na última segunda-feira (1) a Boeing já havia revisado sua carteira pública de encomendas firmes do 777-9, que atualmente conta com 191 pedidos. Existe a possibilidade de uma redução imediata em quase 40% do total de pedidos para o modelo, que sofre com uma série de atrasos no cronograma e enfrenta as incertezas do mundo pós-pandemia.
Outro entrave em relação ao programa 777X está na revisão dos processos de certificação, proporcionados após as falhas constatadas no 737 MAX, e que devem exigir um planejamento especial para cumprir os novos requisitos. Além disso, houve algumas mudanças no design do avião, parte para atender as novas regras regulatórias, o que aumentou os custos de desenvolvimento e ampliou ainda mais o prazo para início das entregas.
No balanço dos resultados de 2020, divulgados na semana passada, a Boeing reportou um custo de US$ 6,5 bilhões relacionados ao programa 777X. Além disso, confirmou que o início das entregas ocorrerá apenas em 2023, três anos depois do planejado originalmente. Parte do atraso é relacionado a falta de demanda atual, mas o cronograma já havia sido alterado por problemas durante o desenvolvimento do projeto.
Durante a divulgação do relatório financeiro a Boeing a alertou o mercado sobre possíveis cancelamentos, cortes de produção e riscos de atrasos relacionados aos testes de voo, o que pode aumentar as chances de prejuízo relacionados ao programa 777X.
“(Atrasos para o 777X) resultaram, e podem continuar a resultar, em que os clientes tenham o direito de rescindir pedidos e ou substituir pedidos de outras aeronaves Boeing”, afirmou o fabricante em seu relatório financeiro.
Quando lançou o 777X a Boeing acreditava em uma renovação e ampliação da frota de longo curso, especialmente com a aposentadoria dos 747-400 e A340-600. A demanda projetada sofreu forte queda após a pandemia, tornando pouco provável a retomada no curto prazo de voos com aeronaves de grande capacidade, acima dos 300 assentos.