Empresas aéreas buscam sustentabilidade, mas novos combustíveis são mais caros e vão tornar as passagens aéreas mais caras
Por Micael Rocha Publicado em 22/03/2024, às 14h02
Um novo imposto sobre as passagens aéreas será criado em Singapura, sob o argumento de financiar a compra de combustível de aviação considerado sustentável pelo governo local. A proposta é fomentar a produção de novas tecnologias que reduzam as emissões de poluentes na atmosfera.
O anúncio reflete uma tendência apontada por especialistas no aumento de preço por conta da nova onda de descarbonização de voos. Além de Singapura, o governo da Malásia também autorizou as companhias cobrarem uma taxa de carbono dos passageiros a partir de abril deste ano.
O movimento do setor aéreo ocorre em meio ao receio de serem vistas pela sociedade como omissas na redução de emissões de poluentes, e assim sofrerem sanções como redução de voos ou até o impedimento de operarem em certas localidades. Além disso, o setor teme ser responsabilizado por problemas climáticos e no longo prazo ser mal visto pelas novas gerações.
As empresas aéreas de todo o mundo estão buscando novos tipos de combustíveis considerados sustentáveis a fim de reverter esse quadro. Atualmente o SAF, acrônimo em inglês para combustível de aviação sustentável, tem uma série de propostas, com diversas matrizes e matérias-primas em estudo.
Derivado de matérias-primas como o etanol oriundo da cana-de-açúcar, gordura animal, lixo doméstico, entre outros, os combustíveis sustentáveis são a promessa no curto prazo da aviação para alcançar a meta de emissões zero até o ano de 2050.
Embora mais sustentáveis, podendo reduzir as emissões na atmosfera em até 80%, o SAF não possuí grande volume de estoque no mercado, tornando-os assim, menos viáveis economicamente. O problema é que esse tipo de combustível é escasso e difícil de ser produzido, por isso, mais caro do que o querosene (QAV), obrigando as empresas repassem a diferença para as passagens.
A Qantas, Cathay Pacific e Delta Air Lines são algumas das empresas que esperam reduzir até 10% das emissões até 2030. O trio afirma que o custo maior é o preço a ser pago para viagens de avião mais sustentáveis. O economista de transporte e logística do ING em Amsterdã, Rico Luman, decretou recentemente que “Entramos em uma nova era. Voar vai ficar mais caro”.