Dia de prova: Após longa espera o 737 MAX decola para recertificação

Boeing deverá comprovar todas as modificações exigidas no sistema MCAS e em demais pontos do projeto do avião

Por Gabriel Benevides Publicado em 29/06/2020, às 14h30 - Atualizado às 15h07

Boeing utiliza um 737 MAX 7 no esperado voo de certificação agendado pela FAA, dos Estados Unidos

Após uma espera de ano e quatro meses o Boeing 737 MAX iniciou o voo de certificação, marcando a conclusão e análise de todo trabalho de reengenharia aplicado nos últimos meses. A FAA, agência de aviação covil dos Estados Unidos, confirmou que foi finalizada a revisão do sistema de segurança da aeronave, incluindo o malfadado MCAS (Sistema de Aumento de Características de Manobra).

O voo de hoje (29) é um importante passo para a recertificação. A Boeing está utilizando no processo um 737 MAX 7, que decolou da planta indústria de Boeing Field, localizado em King County, nos arredores de Seattle. O avião conta com todos os equipamentos necessários para a campanha de ensaio em voo, tendo também recebido todas as modificações exigidas pela FAA ao longo do processo.

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A aeronave será submetida a cenários pré-determinados para avaliar o comportamento do envelope de voo após todas as modificações realizadas. A equipe de testes irá monitorar o MCAS para que a FAA tenha todas as informações sobre o comportamento do sistema e realize as avaliações finais sobre o redesenho de software. Antes de chegar nesta etapa, a equipe de testes passou por um extenso treinamento em simulador, em voos sem a presença da FAA, mas com objetivo de adestrar os pilotos de ensaio em voo para novas situações de emergência.

A Boeing deverá realizar voos adicionais, além da campanha de voo único a pedido da FAA, para garantir que todas as exigências da nova certificação sejam atendidas. A nova certificação deverá ser emitida até meados de setembro, permitindo a retomada do avião na sequência. Porém, mesmo que o 737 MAX seja bem-sucedido nos voos, recebendo a certificação da FAA, provavelmente outras autoridades da aviação deverão fazer seu próprio processo de certificação do modelo. A brasileira Anac, a europeia Easa e a chinesa Caac manifestaram publicamente o desejo em avaliar o MAX por conta própria, alegando que condições adicionais serão revistas.

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Usualmente a campanha de ensaios em voo e o processo de certificação é único, com as agências de todo mundo aceitando convalidar a homologação original. Os acidentes com o 737 MAX levaram a uma desconfiança geral com relação aos processos da FAA, criando um ambiente que favoreceu a inédita situação de diversas agências optaram por seu próprio modelo de certificação.

Com este novo capítulo a Boeing corre contra o tempo para recuperar a confiança dos seus principais clientes, ainda mais em um cenário que aeronaves de longo curso estão sendo aposentadas em grande escala, trazendo para a família 737 MAX a grande responsabilidade de protagonismo de vendas. Além disso, o futuro incerto sobre os pedidos acerca da família 777X amplia a necessidade do fabricante em retomar a bem-sucedida campanha de vendas do 737.

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