Pouso forçado da aviação regular por pandemia vai gerar reflexo no mercado até 2022
Por Gabriel Benevides Publicado em 02/04/2020, às 16h00 - Atualizado às 17h35
Muitos dos modelos mai antigos das famílias A320 e 737NG não devem retornar aos céus após pandemia
Muitas companhias aéreas estão revendo o planejamento a longo prazo para poder entender como serão as suas frotas pós-cenário do coronavírus
Analistas da Vertical Research Partners estão avaliando o impacto da crise gerada pelo coronavirus na aviação, prevendo que o cenário que as companhias aéreas enfrentarão para os próximos anos. Ao longo do ano a demanda global deverá apresentar uma retração de 40% em relação ao ano passado, mas apresentando uma recuperação de 19% em meados de 2020 e outros 10% até 2022.
A queda vertiginosa na demanda de passageiros deverá levar a maior parte das companhias aéreas a retirar de serviço a maior parte de suas frotas de Boeing 747, 757 e 767, além da possível aposentadoria precoce do Airbus A380.
A agencia de consultoria prevê um rápido retorno da demanda a partir de 2023, quando deverá ser registrado um crescimento na ordem de 5%, o que muda totalmente as projeções de novas aeronaves para os próximos cinco anos.
A projeção inicial, antes da crise do COVID-19 afetar a indústria da aviação, girava em torno de 8.300 novas aeronaves para os próximos anos. Após o devastador efeito da paralisação das viagens aéreas, estima-se que as companhias precisarão de 6.300 novas aeronaves, o que diminui especialmente a demanda por aeronaves de grande capacidade, mas também impacta nos modelos de corredor único. Ambos mercados devem reduzir em cerca de 25% a projeção de vendas.
“Um declínio de 40% no tráfego este ano seria de longe o maior declínio de RPM (milhas de passageiros em receita) na história, se aproximando do declínio de 38% que a IATA está projetando para 2020”, anunciou a Vertical Research Partners.
Uma das previsões é que após a pandemia diversos aviões não retornem do armazenamento, incluindo modelos mais antigos do Airbus A320 e Boeing 737 Next Generation.
“Nas crises anteriores, observamos um aumento nas aposentadorias de aeronaves antigas , após um período de aposentadorias extraordinariamente baixas em 2018-19, aumentando a possibilidade de ocorrer um cenário parecido novamente”, afirma.