Em meio ao avanço de casos graves o transporte aéreo sente a redução na demanda no curto prazo
Por Marcel Cardoso Publicado em 11/03/2021, às 12h00 - Atualizado às 13h00
Redução do tráfego reflete temor causado pela segunda onda e número elevado de vítimas da pandemia
Empresas aéreas brasileiras sentem efeito da segunda onda de covid-19 e dependem de vacinação em massa para planejar retomada. No futuro, os executivos das três maiores empresas avaliam que a recuperação no país dependerá diretamente da velocidade de lançamento das vacinas.
Embora tenha havido uma recuperação constante no tráfego aéreo no Brasil nos últimos meses, após à queda brusca da demanda entre março e abril de 2020, a segunda onda da pandemia de covid-19 voltou a reduzir a demanda por viagens aéreas.
Mesmo que a queda não pareça tão acentuada como há doze meses, o impacto foi sentido e as principais companhias aéreas do país reduziram frequências de voos.
Com a nova onda da pandemia colapsando os sistemas de saúde da maioria dos Estados, o número de passageiros voltou a reduzir, especialmente em Estados que vem impondo restrições que são quase análogas aos bloqueios. Além disso, existe o temor de viajar em um momento de alta no número de vítimas do coronavírus.
Em conferência com jornalistas, o CEO da Azul Linhas Aéreas, John Rodgerson, disse que a companhia cancelou cinquenta voos diários entre março e abril, informou o jornal O Estado de São Paulo. A título de comparação, antes da pandemia, a companhia aérea operava 900 voos por dia, agora serão 600 voos planejados para os próximos sessenta dias. Em março, a capacidade operacional total de 68% dos níveis pré-pandemia. Comparativamente, em janeiro a capacidade era de 91%, com ligeira redução em fevereiro, quando era de quase 90%.
Esta é a continuação de uma tendência que, como agora mostram os dados, teve início em fevereiro, três meses depois que o número de casos de covid-19 voltar a acelerar. De acordo com a Associação Brasileira das Companhias Aéreas (Abear), a capacidade das aeronaves atingiu seu pico em janeiro, aos 74,9% do total pré-crise. Em fevereiro, esse número caiu para 61,2%, valor similar ao existente há quase duas décadas.
A Latam Airlines Brasil iniciou o corte de capacidade em fevereiro, reduzindo a oferta doméstica de 63% para 57% dos níveis anteriores à crise. A empresa sinalizou que novas reduções poderão ocorrer em breve.
A GOL Linhas Aéreas deve anunciar seus últimos números de capacidade na segunda quinzena de março, em seus resultados trimestrais.
O Governo Federal não tem sido bem-sucedido no fechamento de contratos para o recebimento das doses, atrasando a vacinação, em comparação com outras grandes economias. Ainda assim, a partir de março, espera-se que a produção de vacinas aumente consideravelmente, já que milhões de doses são entregues pelos dois laboratórios nacionais com produção interna das vacinas Oxford e SinoVac.
Pelas contas da Azul, isso permitiria que todos os grupos prioritários fossem vacinados até maio, que já abrange 40% da população. O futuro recuo previsto nos casos de covid-19, aos olhos da companhia aérea, permitiria um maior crescimento da capacidade.