Em crise a Norwegian Air Shuttle optou por manter apenas o 737 NG na frota
Por Gabriel Benevides Publicado em 08/03/2021, às 08h00 - Atualizado às 08h41
Custos contratuais elevados tornaram desvantajoso manter o 737 MAX na frota da Norwegian
A Norwegian Air Shuttle anunciou que o Boeing 737 MAX não está mais nos seus planos. A empresa aérea norueguesa de ultrabaixo custo está enxugando seus gastos e reestruturando suas operações.
A decisão foi anunciada pelo diretor financeiro da companhia aérea, Geir Karlsen, durante uma entrevista ao portal norueguês E24. O executivo justifica a crise financeira da companhia como o principal motivo para a devolução das doze unidades na frota, além de cancelar o recebimento de outros seis que estão estacionados nos pátios da Boeing.
A Norwegian negocia com o fabricante o destino das unidades não entregues, mas que foram produzidas e estavam estocadas devido a proibição de voos com o 737 MAX. Vale lembrar, que além do cancelamento do pedido original de cem 737 MAX, encomendados em 2012, a companhia recentemente também cancelou o contrato para outras 88 aeronaves, da quais trinta eram do Airbus A321LR.
A mudança faz parte das exigências impostas pelo governo da Noruega para dar suporte financeiro para a companhia em sua recuperação judicial. A empresa passa por sua mais grave crise, tendo suspendido operações em diversos destinos e fechado subsidiárias, incluindo a divisão argentina, que tinha pouco mais de um ano.
Ainda que tenha cancelado as operações com o 737 MAX, a Norwegian manterá em serviço 53 unidades da família 737 NG, que se tornaram atualmente o principal avião da frota. Apesar do Boeing 737 MAX ser uma aeronave mais eficiente que seu antecessor, graças ao menor custo no consumo de combustível, Karlsen explicou que manter esta aeronave se tornou desvantajoso por seu custo financeiro elevado. Os contratos de leasing possuem valores elevados, por se tratar de um avião de última geração, quando comparados aos 737 NG.
Ironicamente a escolha de um modelo mais caro de operar ao final do mês apresenta custos operacionais menores, já que oferece um contrato de locação e seguro menores. A Norwegian que está realizando corte em gastos apontados como desnecessários na tentativa de obter ganhos no futuro. Ao anunciar a escolha do 737 MAX a companhia apostava no melhor desempenho do avião para ampliar seus ganhos em rotas de longo curso, porém, a suspensão dos voos por mais de vinte meses inviabilizaram os planos originais.
Enquanto a Norwegian está trabalhando na sua renegociação com empresas de leasing, incluindo o novo destino do Boeing 737 MAX, a crise do coronavírus trouxe desfechos improváveis envolvendo aeronaves recém-lançadas, muitas se despediram precocemente da frota de companhias que estavam em crise financeira antes do surgimento da covid-19. No Brasil, a Latam optou por retirar de serviço seus Airbus A350, mantendo em serviço os 777-300ER, com média de treze anos de operação, e os veteranos 767-300ER.