Escalada do preço do querosene de aviação impacta no valor das passagens e pressiona orçamento das companhias aéreas
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 02/12/2021, às 13h00 - Atualizado às 15h04
Combustível representa um terço dos custos de uma empresa aérea no Brasil | Foto: Divulgação.
Preço do querosene de aviação acumula alta de 71,1% nos primeiros dez meses do ano, sendo o combustível com maior valorização em 2021. Na sequência aparece a gasolina, com alta de 44,8% e o diesel com 57,1%, pressionando ainda mais a escalada da inflação.
Apenas no mês de outubro o preço do querosene de aviação subiu quase 20%, uma das maiores altas registrada em todo o mundo.
Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), a alta no preço do querosene impacta de forma direta nas operações aéreas e no preço da passagem, visto que o combustível representa um terço das despesas no setor.
“A alta do QAV em 2021 ilustra a pressão que os custos operacionais estão exercendo sobre as companhias aéreas. Em um momento de recuperação da pior crise da história da aviação, este índice expressivo se apresenta como um grande desafio para uma retomada sustentável”, afirma Eduardo Sanovicz, presidente da ABEAR.
O setor aéreo brasileiro ainda sofre com os recordes da valorização do dólar frente ao real. A moeda brasileira foi a que mais perdeu valor em todo o mundo, ampliando a pressão em contratos internacionais. Aproximadamente 51% dos custos das companhias aéreas são indexados pela moeda norte-americana, incluindo itens como arredamento de aeronaves, seguros e manutenção. Além disso, os combustíveis estão indexados no dólar, tornando um efeito cascata em todo o país.
De forma simplificada, quando o dólar sobre puxa para cima o valor de itens básicos, como combustíveis. De forma isolada isso já aumentaria o preço do querosene de aviação na distribuidora, mas existe um acréscimo no valor final pago pelas empresas aéreas, visto que o custo do transporte também aumentou pela alta no diesel.
A aviação brasileira tem registrado crescimento nos últimos meses, mas a falta de um controle no preço do combustível e da escalada do dólar pode comprometer no curto prazo o trabalho realizado pelas companhias aéreas brasileiras. Ao longo dos últimos vinte meses o setor trabalhou de forma coesa para cortar gastos e manter a operação enxuta, permitindo atravessar a maior crise da história da aviação comercial com relativo sucesso. Porém, as empresas aéreas agora contam com poucas opções para driblar a subida dos custos que se aproximam dos 100%.