Utilizando documentos falsos piloto consegue emprego e causa a morte de 50 pessoas
Por Edmundo Ubiratan | Imagem: Divulgação Publicado em 15/11/2019, às 17h00 - Atualizado em 18/11/2019, às 19h14
Um acidente durante uma manobra de arremetida matou todos os 50 ocupantes de um Boeing 737 na Rússia, em 2013. O acidente ocorreu por uma série de erros, sendo o mais grave a contratação de um tripulante que não era piloto.
O Comitê Interestatal de Aviação (МАК, na sigla em russo), a autoridade de investigação de acidentes aéreos da Rússia, concluiu o relatório do acidente apontado que uma das pessoas na cabine obteve sua licença de piloto de forma fraudulenta, utilizando documentos falsos.
O acidente ocorrido na cidade de Kazan, na região do Tártaro, se destacou na ocasião por suas características pouco usuais. Na época as imagens de uma câmera de segurança mostravam o pronunciado ângulo de descida do avião quando colidiu com o solo.
Imagens de uma câmera de segurança do aeroporto mostra o momento da queda e o pronunciado ângulo de descida do avião
O Boeing 737-500, operado pela Tatarstan Airlines, realizava uma arremetida durante a noite, mas momentos após iniciar a manobra o avião mergulhou em direção a pista matando todos os 44 passageiros e seis tripulantes. Um comitê de investigação foi destinado a analisar um possível atentado, visto que a bordo estava o chefe do serviço regional de inteligência do FSB (agência de inteligência da Rússia), assim como o filho do presidente do estado do Tartaristão.
A investigação aeronáutica apontou uma série de falhas dos pilotos, que cometeram erros primários de pilotagem que levou a uma desorientação espacial e a consequente queda do avião. Segundo o relatório, o comandante Rustem Salikhov e o co-piloto Viktor Gutsul não tinham experiência suficiente para voarem o Boeing 737-500. Além disso, Salikhov sequer havia realizado o curso básico de pilotagem, tendo obtido sua licença utilizando documentos falsos. Sua contratação na Tatarstan Airlines ocorreu sem a devida verificação da autenticidade de suas licenças de piloto.
As autoridades policiais da Rússia acusaram formalmente o então vice-diretor da Tatarstan Airlines, Valery Portnov e o chefe regional da Rosaviatsiya (agência de aviação da Rússia) por negligência na análise de documentação.
O acidente ocorreu em 17 de novembro de 2013, quando o 363 se aproximada para pouso no aeroporto internacional de Kazan. O avião mantinha uma aproximação fora dos padrões, voando desalinhado com a pista, mesmo estando sobre procedimento de pouso por instrumentos (ILS). Ao serem questionados pelo controle os pilotos optaram por arremeter, mas cometeram uma série de erros primários de pilotagem, como excessivo ângulo de subida, configuração incorreta do avião durante a arremetida, entre outros. Os pilotos ainda não perceberam a perda de sustentação da aeronave e consequente descida fora de controle da aeronave. O avião colidiu com o solo com um ângulo de descida de aproximadamente 75 graus, enquanto emitia uma série de alertas que foram ignorados pelos dois pilotos.
NOTA: O avião envolvido no acidente, matrícula VQ-BBN, havia voando anteriormente no Brasil. Entre 2000 e 2005 o 737-500 operou na Rio Sul, com a matrícula PT-SSI.