Incerteza com Brexit, problemas financeiros e mudanças no mercado de turismo levaram companhia a insolvência
Por Edmundo Ubiratan | Fotos: Divulgação Publicado em 23/09/2019, às 16h00 - Atualizado às 17h25
O grupo britânico Thomas Cook, o segundo maior operador global de viagens e turismo, declarou falência deixando mais de 600.000 turistas sem voos de retorno para casa. A autoridade de aviação civil britânica (CAA), anunciou que o grupo, incluindo a empresa aérea, interrompeu duas operações com efeito imediato. O conglomerado empregava 22.000 pessoas, tendo grande participação nos voos de turismo em destinos populares como Grécia, Espanha e Tunísia.
O Reino Unido prepara um serviço emergência para repatriar viajantes que tinham como destino a Inglaterra, enquanto os demais passageiros com outros destinos não terão apoio das autoridades britânicas.
A Thomas Cook possuía 178 anos, sendo uma das pioneiras na venda de viagens lazer, sendo a criadora do conceito de pacotes all-inclusive. O conglomerado possuía uma operadora de viagens, uma companhia aérea com 105 aeronaves e que voava para 16 países, além de 200 complexos hoteleiros ao redor do mundo. Ainda que o faturamento no exercício de 2018 tenha sido de £ 10 bilhões (R$ 50 bilhões), as incertezas econômicas e do Brexit, somado a concorrência de novos modelos de negócios, levou a companhia enfrentar uma série de problemas financeiros nos últimos anos, parte por não conseguir superar novos modelos de negócios, muitos criados após a internet. A paralização da empresa deverá gerar a falência, visto que a suspensão das atividades ocorreu após um fracasso em obter um acordo de £ 200 milhões (aproximadamente R$ 1 bilhão) para garantir suas operações nos próximos meses.
O sindicato TSSA, que representa funcionários da empresa, havia solicitado no último sábado (21), uma reunião emergencial com a ministra Andrea Leadsom, da Empresa e Industria do Reino Unido, para solicitar um apoio financeiro de curto prazo. “É preciso salvar a companhia, seja como for, nenhum governo britânico sérioo permitiria a perdade tantos empregos”, afirmou no sábado Manuel Cortes, secretário-geral da TSSA. Segundo comunicado oficial, o Primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, negou um resgate de £ 150 milhões a empresa para evitar um precedente perigoso para as empresas britânicas.
A empresa esperava firmar um acordo de resgate com o conglomerado chinês Fosun, seu principal acionista, com valor estimado em £ 900 milhões (R$ 4,5 bilhões). Entretanto, uma série de exigências do setor financeiro, em especial dos bancos RBS e Llyds, demandavam reservas adicionais para a temporada de inverno. Sem condições de um aporte adicional a Thomas Cook encerrou todas suas operações. “A Fosun está decepcionada com que o grupo Thomas Cook não tenha sido capaz de achar uma solução viável para a sua recapitalização com outros filiados, bancos, e partes adicionais", afirmou a Fosun em nota.
O Ministério dos Transportes do Reino Unido se comprometeu a cobrir todos os gastos para repatriar turistas britânicos até o dia 6 de outubro, valor que deverá superar os £ 580 milhões (R$ 3 bilhões). Porém, pelas leis britânicas apenas os clientes que adquiram pacotes turísticos estão protegidos, já aqueles que só contrataram a parte aérea devem arcar com os prejuízos do próprio bolso.