Pandemia e mudanças nos processos de certificação forçaram a mudança no calendário original
Por Gabriel Benevides Publicado em 03/02/2021, às 12h30 - Atualizado às 13h20
Temor da Boeing é que mudança no cronograma acarrete no cancelamento de pedidos
Mesmo com atrasos significativos no cronograma de entregas para o 737 MAX 10 e 777X, a Boeing anunciou os ajustes nos prazos previstos para este ano. A intenção é não comprometer a carteira de pedidos existente, evitando cancelamentos por um calendário que não atenda às necessidades dos operadores.
Segundo o fabricante, alguns fatores foram os principais responsáveis pela alteração na agenda, que vão desde a recertificação do 737 MAX às mudanças aos requisitos de certificação que afetaram a campanha de ensaios do 777X.
“Prevemos agora que a entrega dos primeiros 737 MAX10 e 777X irão ocorrer em 2023. Este cronograma reflete uma série de fatores, incluindo uma avaliação atualizada dos requisitos de certificação global, informada por discussões contínuas com os reguladores e decisões da administração de fazer modificações no projeto da aeronave”, disse a Boeing.
Após sofrer graves consequências pela paralisação dos voos com o 737 MAX, que levou a suspensão da certificação original, a Boeing revisou todos os processos de homologação enquanto as autoridades regulatórias também atualizaram seus procedimentos.
O novo cronograma impacta também o 737 MAX 7, o menor avião da família 737 MAX, que estava em processo de certificação quando as autoridades proibiram os voos com o modelo. A aeronave foi diretamente impactada pelas mudanças promovidas no regulamento e no próprio projeto. A Boeing previa entregar a primeira unidade do MAX 7 em 2020, mas espera concluir o processo até o final deste ano.
Apesar de todos os esforços para manter a confiabilidade com os seus clientes, o documento regulatório da Boeing não descarta a possibilidade do cancelamento de pedidos tanto para a família 737 MAX, quanto para o 777-9.
Conforme divulgamos ontem, a Boeing revisou seu processo contábil, o que retirou da lista de encomendas firmes 118 pedidos do 777-9, restando apenas 191 pedidos sólidos do novo widebody.
“Atrasos nos programas 737 MAX e 777X podem resultar que os clientes tenham o direito de rescindir pedidos ou substitui-los por outras aeronaves da Boeing”, afirmou o fabricante.
Uma eventual redução na carteira de pedidos será mais um revés para a Boeing, que sofreu uma série de cancelamentos ao longo de 2020, somado a necessidade de indenizar diversos clientes por atrasos na entrega dos 737 MAX e a suspensão dos voos com o modelo. Além disso, a Boeing também enfrentou problemas no processo de qualidade na produção do 787, comprometendo assim quase a totalidade de sua família de aviões comerciais.
Com os atrasos da própria Boeing, a maioria dos seus clientes está passando por problemas no fluxo de caixa em decorrência da crise da pandemia do coronavírus.