Taipei e Pequim disputam controle de importante rota marítima e ainda a legalidade de quem é oficialmente a China
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 16/10/2020, às 15h00 - Atualizado às 19h06
Aeronave de patrulha marítima chinesa Y-8Q voando próximo a ona de identificação de defesa aérea de Taiwan
A força aérea de Taiwan interceptou ontem (15) aeronaves de inteligência e patrulha da China, que ingressaram na chamada na zona de identificação de defesa aérea (ADIZ) do país insular. As aeronaves Y-8Q chinesas são responsáveis por patrulha marítima, atuando contra submarinos, mas podem realizar outros serviços de espionagem.
Os caças da República da China (Taiwan) decolaram para interceptar os aviões da República Popular da China, além do exército taiwanês ter preparado também misseis antiaéreos e artilharia convencional para eventualmente abater os intrusos, caso houvesse necessidade.
O Y-8Q é uma moderna aeronave de patrulha marítima chinesa, equipado com um avançado Detector de Anomalia Magnética (MAD) de sete metros, que permite reconhecer a assinatura magnética metálica de submarinos inimigos ao sobrevoar as proximidades de onde se encontra a embarcação, mesmo que a dezenas de metros de profundidade. Porém, alguns analistas internacionais acreditam que o avião tenha capacidades adicionais de inteligência, o que o torna eficaz em missões de patrulha próximo da costa de Taiwan.
Nas primeiras duas semanas de outubro a força aérea de Taiwan realizou outras interceptações similares, ao encontrarem os aviões chineses Y-8Q e KJ-500 AEW&C, este último de alerta aéreo antecipado, sobrevoando Estreito de Taiwan, dentro da ADIZ.
A China tem ampliado consideravelmente suas missões de patrulha nas regiões de fronteira com Taiwan, Japão, Coreia do Sul e mesmo Rússia, demonstrando assim sua crescente capacidade militar e seus planos de manter o controle de rotas marítimas estratégicas no sudeste asiático.
Mapa do dia 8 de outubro mostra em laranja traçado da rota feita por outro Y-8Q chinês, dentro da ADIZ de Taiwan
Ambos países se consideram a China e não reconhecem formalmente a legalidade do outro. A ilha de Taiwan, considerada a China republicana, surgiu após o líder comunista Mao Tse-Tung assumir o controle de Pequim, capital da China continental, transformada em um país com regime autodeclarado comunista. Da mesma forma, Pequim afirma que a ilha vizinha é apenas uma província rebelde, mas que conta com apoio militar e político dos Estados Unidos.
A disputa entre as duas Chinas ainda que jamais tenha saído do campo político, passou nos últimos anos por uma escalada de tensões. Atualmente Pequim ameaça não tolerar mais a ‘rebeldia’ de Taiwan, ameaçando retomar o controle da ilha. Os Estados Unidos também ampliaram o apoio formal a China republicana, para pressionar Pequim em negociações na esfera comercial.