Bombardier vai focar seus esforços apenas nas aeronaves de cabine larga e maior alcance
Por Gabriel Benevides Publicado em 11/02/2021, às 17h00 - Atualizado às 18h10
Learjet foi sinônimo de jato de negócios por quase seis décadas
A Bombardier anunciou nesta quinta-feira (11) que não vai mais produzir o lendário Learjet. O jato de negócios de alta performance foi um sinônimo de avião executivo ao longo de quase 60 anos.
Ainda que atualmente apenas o Learjet 75 Liberty esteja em produção, o modelo acumulou poucos pedidos no último ano, com apenas onze entregas, confirmando uma tendência de baixas vendas.
O modelo é considerado o jato de negócios de entrada da Bombardier, e recebeu nos últimos anos uma série de amplas melhorias de desempenho e atualizações de aviônicos, o que não foram suficientes para atrair novos compradores. Em cinco anos houve um expressivo declínio na produção e entregas.
Entre os motivos está a maior competição no segmento. Mesmo o Learjet 75 sendo um projeto completamente diferente do modelo Lear 23, o primeiro avião da série, o modelo conta com uma filosofia que estava fora da nova concepção do mercado. A cabine menor e o desempenho extraordinário iam no sentido oposto de concorrentes recém-projetados, que oferecem amplo espaço interno e melhor custo operacional, ainda que distante da performance quase esportiva do Learjet
Com uma estrutura atualmente voltada apenas para o segmento de aviação de negócios, a Bombardier vai focar seus esforços apenas nas famílias Challenger e Global, que além de estarem entre os líderes da categoria, oferecem maiores margens de lucro.
O fabricante canadense ainda irá cortar postos de trabalhos como forma de obter melhores resultados financeiros, com a expectativa de economizar US$ 50 milhões somente neste ano.
“As reduções da força de trabalho são sempre muito difíceis e lamentamos ver funcionários talentosos e dedicados deixarem a empresa por qualquer motivo”, disse Éric Martel, CEO da Bombardier.
Com a decisão, a Bombardier espera gerar uma economia na sua receita de US$ 400 milhões até 2023. Pela mudança no perfil estratégico, as linhas de montagem de Quebec e Ontário, ambas no Canadá, serão as mais afetadas. A decisão ainda deverá impactar na planta industrial de Wichita, nos Estados Unidos.
Com a nova estratégia a Bombardier tem pela frente o desafio de reverter uma série de entraves que o grupo enfrentou ao longo de quase uma década. Nos últimos meses a empresa se desfez de toda sua operação na aviação comercial e no segmento ferroviário, voltando seus esforços para a aviação de negócios.