Boeing troca CEO após oito meses de crise com o 737 MAX

Dennis Muilenberg renuncia ao cargo; ações sobem mais de 3%

Por Gabriel Benevides Publicado em 23/12/2019, às 15h00 - Atualizado às 19h45

Crise com o 737 MAX causou mudança no controle administrativo da companhia

A Boeing anunciou que Dennis Muilenberg deixará seu posto como CEO e diretor do conselho de administração em janeiro de 2020. Em nota a fabricante afirmou que a partir do 13 de janeiro, assume interinamente David L. Calhoun, atual presidente do conselho da empresa.

O anuncio refletiu positivamente no mercado, com as ações da Boeing operando em alta de 3,5% na Bolsa de Valores de Nova York momento após o comunicado na troca de comando da companhia.

Todavia, haverá um processo transitório até Calhoun assumir a Boeing, com o diretor financeiro Greg Smith atuando como CEO interino até o dia 13. Segundo o The New York Times, Muilenburg teria sido demitido da Boeing, que em comunicado afirma que o executivo renunciou ao posto de conselheiro e presidente executivo.

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“O Conselho de Administração decidiu que era necessária uma mudança de liderança para restabelecer a confiança na companhia, que trabalha para reparar o relacionamento com reguladores, clientes e todas as demais pessoas interessadas”, afirmou a Boeing em comunicado.

A troca no comando da maior fabricante global do setor aeroespacial ocorre em meio à crise causada pelo 737 MAX, que entre outubro de 2018 e março de 2019,  sofreu dois acidentes fatais, causando a morte de 346 pessoas e está desde março proibido de voar em todo o mundo.

Na nota oficial David L. Calhoun, mostra confiança na retomada das entregas do 737 MAX e no futuro da Boeing, que atravessa sua maior crise em mais de cem anos de existência. “Acredito firmemente no futuro da Boeing e do 737 MAX”, afirmou Calhoun. A fabricante acumula uma série de problemas em diversas áreas, tendo inclusive enfrentado uma falha não prevista durante o lançamento da nave Starliner, que não chegou até a estação espacial.

A mudança poderá ajudar a gigante aeroespacial em um momento de dificuldade, que na semana passada anunciou que vai interromper a produção da família 737MAX a partir de janeiro. O modelo que está proibido de voar desde março manteve a produção durante os últimos oito meses, ainda que em um ritmo reduzido, com 42 aviões por mês. Com mais de 400 unidades prontas, a Boeing não possui mais espaço para armazenamento, nem em aeródromos alugados. Além disso, com impossibilidade de entregar os aviões, a Boeing passou a operar com um fluxo de caixa apertado, visto que houve gasto na produção das aeronaves que só começarão a ser pagas após a entrega ao operador final.

A expectativa do mercado é que o 737 MAX possa retomar a operação comercial, nos Estados Unidos, em meados de abril. Todavia, a United Airlines afirma que só deverá viabilizar a reintrodução do avião em sua malha em junho.

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