Nave Starliner da Boeing realiza terceiro teste após histórico de falhas e encara sucesso da SpaceX de Elon Musk
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 20/05/2022, às 13h23
Após diversos atrasos a nave espacial CST-100 Starliner da Boeing foi lançada com sucesso e está a caminho da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).
A Boeing faz parte do Commercial Crew Program, que prevê uso de naves privadas para lançamentos da Nasa, onde a SpaceX, de Elon Musk lidera com folga.
A nave espacial da Boeing deve chegar à estação espacial após a jornada de quase 24 horas em órbita terrestre baixa, onde será acoplada a estação espacial, em um módulo de acoplamento especialmente construído para a Starliner.
“A Starliner é um símbolo de perseverança e orgulho -- projetada, construída, testada e pilotada por uma equipe de pessoas comprometidas com a missão de transportar astronautas com segurança e confiança”, disse Ted Colbert, presidente e CEO da Boeing Defense, Space & Security. “A equipe continuará totalmente focada na espaçonave e em seu desempenho durante todo o voo teste.”
A Starliner é uma nave espacial reutilizável, criada para levar tripulantes e pequenas cargas para a ISS, reduzindo assim os custos e prazos de lançamento. A missão Boe-OFT-2 decolou ontem (19) de um foguete Atlas V da United Launch Alliance (ULA) às 18h54 (horário da costa leste dos Estados Unidos) do Complexo de Lançamento Espacial 41 de Cabo Canaveral, na Flórida.
Caso a missão seja concluída com sucesso, a Boeing prepara outra nave espacial para levar e trazer astronautas para a estação espacial em meados do quatro trimestre. Com a comprovação da segurança e capacidade da Starliner, a Boeing será autorizada a iniciar as missões comerciais da Nasa, com a Starliner-1, que deverá ser lançada em março 2023.
Embora a Boeing tenha ressaltado o sucesso do lançamento, os dois testes anteriores foram marcados por falhas que suspenderam a missão. O primeiro problema foi ocasionado em dezembro de 2019, quando a Starliner abortou a missão de oito dias, com apenas dois em órbita, após apresentar algumas falhas nos sistemas. Em março, a SpaceX havia realizado com sucesso o teste da Crew Dragon, sua nave espacial para envio de astronautas para a ISS. Em 2020 uma nova tentativa da Boeing, mas uma nova falha não permitiu a Starliner acoplar na Estação Espacial. Enquanto isso, a empresa de Musk acumula doze lançamentos com sucesso da SpaceX Dragon 2, sendo oito tripulados e quatro cargueiros, incluindo um voo completamente privado contratado pela Axiom Space.
“Aprendemos muito sobre a capacidade da nossa nave espacial e a resiliência da nossa equipe desde o primeiro lançamento da Starliner”, disse Mark Nappi, vice-presidente e gerente do Programa de Tripulação Comercial da Boeing. “Ainda temos muitos testes operacionais pela frente enquanto nos preparamos para chegar à estação espacial, mas estamos prontos para mostrar que o sistema em que trabalhamos todo esse tempo é capaz de transportar astronautas para o espaço.”
A missão atual da Starliner, embora seja de uma nave tripulada, está sendo realizada sem astronautas. Ainda assim, a bordo está um “passageiro” especial, um dispositivo de teste antropomórfico chamado “Rosie the Rocketeer”. Ao todo a nave está transportando mais de 360 quilos de carga, incluindo cerca 226 kg de alimentos e itens para os membros da tripulação a bordo da ISS, além de uma bandeira comemorativa dos Estados Unidos que permanecerá a bordo da estação espacial até o seu retorno à Terra na missão de Teste de Voo da Tripulação (Crew Flight Test) da Starliner, que deverá ocorrer no final do ano.
Além de uma série de bandeiras americanas e patches da missão, vários outros itens exclusivos estão a bordo, incluindo itens de 14 faculdades e universidades históricas afro-americanas, que serão posteriormente distribuídos entre diversas entidades.