Southwest e Turkish Airlines são as primeiras a oficializar acordo parcial por perdas com proibição dos voos
Por Gabriel Benevides Publicado em 07/01/2020, às 13h00 - Atualizado às 16h07
Maior operadora global do 737 negocia compensação e desconto no valor unitário de cada aeronave
Enquanto o destino do 737 MAX não é traçado, a Boeing passou a compensar seus clientes pelo longo período que não podem utilizar seus aviões. Com a proibição dos voos, as grandes companhias que esperavam melhorar a margem de lucros com a operação do 737 MAX passaram apenas a acumular prejuízos com os aviões no solo.
A maior operadora de 737 no mundo, a norte-americana Southwest Airlines, confirmou em dezembro chegou a um acordo com a Boeing para receber uma compensação financeira. A empresa aérea não informou o valor da negociação, apenas comunicou que dividirá US$ 125 milhões (R$ 508 milhões) com seus funcionários, em forma de “divisão dos lucros”.
Na ocasião da proibição dos voos, em março de 2019, a Southwest tinha 34 aeronaves da família 737 MAX. Fontes no mercado afirmam que a empresa espera que além da compensação da fabricante, uma redução dos valores do avião para encomendas atuais e futuras.
Turkish Airlines pode ter fechado acordo de US$ 225 milhões por perdas com o 737 MAX
A Turkish Airlines no começo da semana também fechou um acordo de ressarcimento com a Boeing. Ainda que os números sejam sigilosos, o jornal turco Hurriyet afirma que a companhia deverá receber algo próximo aos US$225 milhões (R$ 913 milhões), sendo US$ 150 milhões em compensação financeira e 75 milhões em itens como peças de reposição e treinamento. A empresa turca pretende receber 65 aeronaves 737 MAX 8 e dez unidades do 717 MAX 10, esta última a versão de maior capacidade de toda a família 737. Antes da proibição dos voos a empresa já havia recebido 12 jatos.
Há outras companhias que esperam o reembolso da Boeing, dentre elas a American Airlines que possui 24 aviões parados e estima um prejuízo de US$540 milhões (R$ 2,2 bilhões). Já a brasileira Gol optou por arrendar alguns 737 NG usados para tentar contornar a falta do 737 MAX, especialmente na alta temporada. A brasileira havia recebido sete aviões da série MAX, que estavam sendo utilizados nas suas principais rotas internacionais, assim como em importantes rotas nacionais.
No segundo trimestre de 2019, a Boeing já havia reservado US$ 5 bilhões (R$ 20,3 bilhões) para ressarcimento de seus clientes, no entanto, com mais de 80 operadores do 737 MAX na mesma situação, analistas acreditam que o valor será apenas o começo de uma bilionária conta de indenizações. De acordos com a agência Reuters, a paralização do 737 MAX já custou mais de US$ 9 bilhões para a Boeing, uma conta que poderá aumentar dependendo de quando o modelo será autorizado a voar novamente. Com um terço da compensação ocorrendo na forma de serviços futuros, o acordo distribui os custos da Boeing nos próximos anos.
O preço de lista do 737 MAX 8, o modelo mais vendido da família, é de US$ 121,6 milhões, com perdas acumuladas desde março na ordem de US$ 9 bilhões, o montante representa um valor próximo ao estimado com a venda de 74 aviões do tipo.