Smartwings pede compensação pelo tempo que não pode voar com o avião
Marcel Cardoso Publicado em 02/07/2021, às 13h00 - Atualizado às 15h00
Processo da Smartwings pode levar a tensão da relação entre ambos os lados
A Smartwings, da República Tcheca, entrou com uma ação judicial contra a Boeing pedindo uma compensação financeira pelos danos causados pelo tempo que o 737 MAX ficou inoperante.
Em 2020, a Smartwings afirmou que o “groundeamento” custou US$ 93,8 milhões (R$ 461 milhões) aos cofres da empresa, afirmando que a Boeing foi negligente e cometeu uma fraude em relação às falhas no sistema de aumento de características de manobra (Mcas).
A versão mais recente da família 737 ficou em solo de março de 2019 a dezembro de 2020, após dois acidentes fatais envolvendo unidades da Lion Air e da Ethiopian Airlines.
A Smartwings esperava utilizar seus aviões em rotas de maior demanda, oferecendo tarifas competitivas em relação as principais rivais. Com uma economia de combustível que pode superar os 20%, em relação a geração anterior do 737, a expectativa era ampliar a receita e os ganhos.
Ainda que o valor não tenha sido revelado, a previsão é obter uma indenização formal por parte da Boeing. A Smartwings encomendou, em 2013, três 737 MAX 8 e mais cinco em 2017, além de arrendar outros 31 aviões para substituir a frota composta pela família 737 NG. O primeiro deles (OK-SWA) foi entregue em janeiro de 2018, pouco mais de um ano antes dos voos serem suspensos por quase 24 meses. Atualmente, apenas uma aeronave, de um total de sete, está fora de serviço.
O processo pode gerar mal-estar em ambas as partes, em especial pelo suporte contínuo dado pela fabricante e por futuras negociações de aquisições de aeronaves, até mesmo por concorrentes. Porém, a Boeing tem enfrentado uma série de processo similares, além de optar por indenizar seus principais clientes pelas perdas relacionadas ao 737 MAX.
Outras companhias estão buscando compensações deste tipo, mas não diretamente por via judicial. Em maio de 2020, em um comunicado a investidores, a Gol informou que a Boeing pagaria um total de R$ 2,4 bilhões em compensações, sendo que R$ 500 mil foram pagos no mês anterior e o restante será pago ao longo dos anos seguintes.