Azul mantém desempenho do E195-E2 em meio as ocorrências dos motores PW

Diante das ocorrências relacionadas aos motores PW, E195-E2 tem voado 250 horas por mês na malha da Azul

Por Wesley Lichmann Publicado em 31/03/2023, às 11h44

Azul possui em sua frota quinze Embraer 195-E2 - Divulgação

A nova geração de motores tem enfrentado um dilema tanto nas cadeias de produção como nas operações das mais recentes aeronaves. Além de problemas técnicos, as fabricantes não conseguem atender as necessidades de seus clientes.

Nos últimos anos, uma série de falhas nos motores de parte da nova geração de aviões comerciais tem sido registradas, causando atrasos, cancelamentos e afetando companhias aéreas e usuários do transporte aéreo.

Entre os motores, a família Geared Turbo Fan (GTF) produzida pela Pratt & Whitney tem apresentado ocorrências tanto em jatos da Embraer como nos Airbus A220 e A320neo. 

A segunda geração dos E-Jets, projetados pela Embraer, utiliza o motor PW1953G-A, eficiente no consumo e na redução de poluentes, o desempenho dos motores do E2 tem ficado aquém das necessidades de seus operadores. De acordo com a fabricante, as ocorrências não representam qualquer risco a segurança de voo, mas afetam a disponibilidade dos jatos.

Diante deste cenário, a Azul Linhas Aéreas tem trabalhado para manter a produtividade de seus E195-E2. 

A transportadora tem utilizado o E2 em voos de média e curta duração em todas as regiões do país. A maioria das rotas tem como origem o aeroporto de Viracopos, em Campinas, seu principal centro de conexões (hub).

A Azul possui atualmente quinze aeronaves E2, a taxa média mensal de utilização do modelo é de 253 horas. Segundo dados da companhia, o E195-E2 apresentou redução de 28% no consumo de combustível por assento em relação aos E-Jets da primeira geração.

Rotas operadas pelo E195-E2 no mês de março - Great Circle Mapper

 

Cliente de lançamento do Embraer 195-E2, o primeiro exemplar foi entregue em 2019, os jatos da companhia estão configurados para até 136 passageiros em classe única. A empresa possui compromisso para mais 60 unidades do modelo.

Em resposta a AERO Magazine a Azul "informa que as aeronaves E2 possuem motores PW1923G-A, que são de nova geração, trazendo tecnologias mais seguras, eficientes e econômicas que as da geração anterior. Como toda nova tecnologia, eles exigiram um trabalho de colaboração de implementação entre o fabricante e o operador, o que a Azul fez como prioridade."

Com sua estratégia, a Azul conseguiu manter qualquer impacto à sua operação ao mínimo, fato confirmado pelos resultados de segurança e índices operacionais da empresa registrados durante o ano de 2022.

Em janeiro, a KLM que possui 14 aeronaves E195-E2, estava com apenas seis exemplares do jato em serviço, na ocasião, a companhia informou que a inatividade da frota estava relacionada ao desempenho dos motores da série PW1900, que necessitam de longas inspeções.

"A usabilidade do E195-E2 ainda não é ideal. O fabricante dos motores Geared Turbo Fan (GTF) P&W deu um grande passo com um motor durável, econômico e silencioso. No entanto, este motor tem problemas de desempenho que podem ser encontrados em todas as plataformas que operam com esses motores, em todo o mundo (não apenas os E2s)", diz a KLM em comunicado.

Com uma frota regional composta por 61 aviões, sendo 17 E175, 30 E190, além dos 14 E195-E2, a holandesa é umas das maiores clientes da Embraer.

Ainda na Europa, após o desligamento repentino de dois motores em um A220 da airBaltic, em Copenhagen, a administração federal de aviação norte-americana (Federal Aviation Administration – FAA, na sigla em inglês), publicou uma diretriz de aeronavegabilidade para os motores Pratt & Whitney, evitando assim que o desligamento ocorra novamente.

Face aos problemas da fornecedora dos motores do A220, a airBaltic anunciou que fará um arrendamento temporário de aeronaves adicionais. Para atender à crescente demanda de passageiros no verão europeu, e garantir o sucesso dos voos planejados sem cancelamentos, foram alugados um CRJ900 da XFly, um A320 da Danish Air Transport, um A319 da Carpatair e um A320 da Cyprus Airways.

"Estamos fortemente comprometidos com nossas obrigações contratuais com passageiros e parceiros. No entanto, os tempos de resposta prolongados para a manutenção dos motores da Pratt & Whitney estão causando interrupções operacionais para a airBaltic. Eles, como parceiros de longo prazo da airBaltic , não conseguiram cumprir a promessa feita novamente nos tempos de resposta aprimorados", diz Martin Gauss, Presidente e CEO da airBaltic.

Na Índia, a Go First tem manifestado publicamente seu descontamento com os motores da Pratt & Whitney. Das 55 aeronaves A320neo, vinte e quatro delas estão inativas, reduzindo em 27% sua oferta de assentos.

A Indigo, maior companhia aérea indiana, também possui mais de duas dezenas de A320neo inoperantes. A todo, mais de cinquenta aeronaves do modelo estão inativas no país. Para complementar parte de sua capacidade, a empresa arrendou dois Boeing 777-300ER da Turkish Airlines.

Em comunicado enviado a AERO Magazine, a Pratt & Whitney diz "que espera que as pressões da cadeia de suprimentos em todo o setor diminuam ainda este ano, o que apoiará o aumento da produção de motores novos e revisados. Nesse ínterim, estamos fornecendo suporte logístico direto aos nossos fornecedores, bem como desenvolvendo de soluções para melhorar a durabilidade do motor em ambientes operacionais quentes e hostis. Em última análise, o motor GTF é o motor mais eficiente e sustentável para aeronaves de fuselagem estreita e continuamos a ver uma forte demanda".

Com o aumento da procura por viagens aéreas, o setor deve continuar a enfrentar problemas nos próximos meses, resultando em atrasos na produção de aviões, motores e peças, impossibilitando a retomada sustentável para os níveis pré-crise sanitária.

Embraer Airbus Azul E2 A320 Pratt & Whitney A220 motores E195-E2 PW

Leia também

Azul anuncia expansão da malha em Campina Grande com sete voos diários
O motivo da Embraer suspender o desenvolvimento do novo turboélice