Dificuldades para repor peças podem forçar a canibalização de aviões de companhias aéreas da Rússia
Marcel Cardoso Publicado em 10/05/2022, às 08h25
A Rússia poderá ter de começar a canibalizar cerca de dois terços da frota de aviões usados por suas companhias aéreas. O processo deverá começar já nas próximas semanas, por conta dos efeitos das sanções que impedem o fornecimento de peças e de serviços de reposição vindos do ocidente.
A informação citada em um relatório do Ministério dos Transportes da Rússia, que fez projeções de cenários para a aviação nacional até o fim da década. O documento relata também que, na pior das hipóteses, a Rússia poderá enfrentar uma severa escassez a partir do segundo semestre, à medida que algumas aeronaves vão sendo sucateadas após fornecer os componentes para outros aviões em serviço.
Ainda segundo o relatório, as perspectivas não são nada otimistas para os próximos anos, considerando que o volume de passageiros nos aeroportos somente poderá voltar aos níveis pré-guerra depois de 2030.
Um possível fim dos embargos, simplesmente, não será o suficiente para resolver todos os problemas do setor no país. Caso o processo de canibalização seja acelerado nos próximos meses haverá a necessidade deuma ampla renovação da frota das companhias aéreas russas, o que deverá levar anos, prolongando os impactos já sentidos na economia, desde que os conflitos na Ucrânia começaram, em fevereiro.
A expectativa do governo é que ao menos 70% da frota Ocidental esteja em serviço até meados de 2025, caso as companhias aéreas consigam canais paralelos para obter peças de reposição. O processo, embora ilegal, não é inédito. O Irã tem mantido sua frota comercial, composta basicamente por aviões da Airbus e Boeing, em serviço há várias décadas mesmo sem acesso ao mercado de peças oficial.
No melhor dos cenários a Rússia prevê que ao menos um terço da frota terá de ser desmontada para fornecer componentes para os demais aviões, reduzindo assim consideravelmente o número de aviões e rotas no curto prazo.