Traficantes usam jatos de luxo para transportar cocaína e armas
Por Gabriel Benevides Publicado em 27/07/2020, às 17h20 - Atualizado em 28/07/2020, às 00h50
Gulfstream III é incendiado após ser abandonado por narcotraficantes
No último domingo (12), o exército da Guatemala descobriu um Gulfstream III, que ostenta a matrícula norte-americana N450BD, havia sido empregado no transporte drogas. A aeronave violou o espaço aéreo guatemalteco nas primeiras horas da madrugada, pousando próximo do município de El Chal, na região centro-norte do país.
Assim que as unidades militares chegaram ao local, a aeronave foi encontrada já em chamas. Atualmente narcotraficantes têm intensificado a destruição de aeronaves como maneira destruírem provas que possam comprometer o esquema desses grupos.
Nos últimos anos grupo narcotraficantes ampliaram significativamente o uso de jato de negócios para o transporte de drogas na América Central e do Sul. Aeronaves como o Hawker 800, Gulfstream II e III passaram a ser cada vez mais comuns nos céus do o México, Guatemala e Belize, voando ilegalmente e com grandes quantidades de cocaína e outras drogas.
Chama a atenção que muitas dessas aeronaves apesar de possuírem idade avançada, com mais de trinta anos, se tornaram um grande atrativo dos cartéis ao aliar menor custo de compra e maior capacidade de transporte, além da velocidade muito superior de pequeno avião turbo-hélices ou a pistão.
Assim que adquiridas legalmente nos Estado Unidos ou no México, as aeronaves ganham registros clonados ou que foram cancelados como maneira de despistar as autoridades de qualquer suspeita. O processo é similar aos carros dubles utilizados pelo crime organizado no Brasil, falsificando a documentação e registros que podem passar despercebidos em uma operação cotidiana, mas são facilmente descobertos em uma averiguação policial.
As autoridades notaram que em alguns casos os cartéis passaram a instalar os chamados hush-kit, um sistema supressor de ruído montado parte posterior do motor, tornando o avião mais discreto durante as suas operações.
No dia 3 de junho, um Gulfstream II foi encontrado em uma pista clandestina no município mexicano de Mapastepec, após entrar no México pela fronteira da Guatemala. Assim como em outros casos a aeronave que foi propositalmente incendiada pelo grupo criminoso. Curiosamente o avião, matrícula XB-NRX, foi utilizado em algumas cenas do seriado O Senhor dos Céus (El señor de los cielos), disponível no Brasil pela Netflix, que coincidentemente retrata a história de um narcotraficante mexicano.
Recentemente, a AERO Magazine noticiou duas histórias envolvendo jatos de negócios para o uso de narcotraficantes, como um Hawker 125 que foi encontrado abandonado pelo exército da Guatemala e um Gulfstream II que se dividiu em dois após pousar sem combustível em Belize.
As autoridades temem que milícias e cartéis latino-americanos passem a empregar cada vez mais aeronaves sofisticadas no transporte de drogas e armas, dando uma considerável vantagem aos criminosos no sucesso de suas atividades.