Deutsche Aircraft planeja desenvolver uma aeronave na faixa de 50 assentos para atender nova demanda regional
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 10/12/2020, às 15h00 - Atualizado às 17h04
D328eco deverá ser o primeiro avião comercial alemão nas últimas décadas
A alemã Deutsche Aircraft revelou que planeja desenvolver um novo avião turbo-hélice comercial com capacidade para até 50 assentos. O modelo ainda deverá contar com novas tecnologias ambientalmente responsáveis.
Chamado de D328eco o novo avião é na verdade herdeiro de um projeto concebido no final da década de 1980, mas que promete avançar especialmente na questão dos motores. O modelo deverá utilizar parte da plataforma existente do Dornier D328, um bimotor tubo-hélice produzido entre 1991 e 2000. A intenção é usar parte do projeto, que continua contando com tecnologias eficientes, como soluções aerodinâmicas adequadas para a categoria, adicionando soluções recentes que permitam tornar o avião mais econômico, silencioso e com menores taxas de emissão de carbono.
A Deutsche Aircraft pretende que o D328eco seja uma plataforma intermediária entre as soluções atuais e um o futuro objetivo de voos com zero emissões. O uso de um projeto já estabelecido deverá reduzir os custos de desenvolvimento do novo avião, que poderá chegar ao mercado em meados de 2025.
“Nossa missão é acelerar a transição da aviação para aeronaves com emissão zero. O D328eco é a única plataforma existente capaz de atender aos requisitos de eficiência e desempenho para aeronaves verdes modernas, eventualmente apoiando a transição verde da indústria”, exaltou Dave Jackson, diretor administrativo da Deutsche Aircraft.
Em relação ao D328 original, a nova aeronave deverá receber um cockpit com uma suíte de aviônicos de última geração, que permitirá maior eficiência operacional ao mesmo tempo em que reduz a carga de trabalho dos pilotos. A previsão é que sejam utilizados os motores Pratt & Whitney PW127S, já compatível com combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês), equipado com hélices de sete pás de design avançado. O projeto prevê um consumo especifico por passageiro na ordem de 2.6 litros/100 km. Além disso, o avião deverá ter uma velocidade média de cruzeiro de 324 KTAS (600 km/h), com teto de serviço de 30.000 pés.
Em relação ao D328 original o novo avião deverá ter uma cabine 2 metros mais longa, mas mantendo a corte transversal, com configuração de três assentos por fileira (2+1). Outra mudança pontual é o trem de pouso que será aprimorado, com uso de um kit especial, que permitirá operar em pistas não-pavimentadas, como de cascalho.
Ainda que seja considerado um projeto novo, o modelo poderá se beneficiar de certificações já existentes para o D328 original, mas com melhorias que podem contribuir para o avião superar as diretrizes internacionais de emissões previstas para 2050. A produção deverá contar com processos mais sustentáveis, incluindo o modelo de indústria 4.0, com amplo uso de processos digitais e quase o fim do emprego de papel.
O projeto conta com o apoio do governo da Alemanha, que poderá impulsionar as economias locais, especialmente as cadeias de suprimento da poderosa indústria alemã, que foi severamente impactada pela pandemia. A intenção é produzir o avião em uma nova linha de montagem da Deutsche Aircraft, em Leipzig, na Saxônia.
Projeto é derivado do consagrado Dornier 328 criado no final dos anos 1980
“O governo federal apoiou o projeto desde o início e continuará a fazê-lo. Algumas semanas atrás, a segunda parcela de nosso empréstimo para custos de desenvolvimento foi desembolsada”, explicou Thomas Jarzombek, coordenador do Governo Federal da política aeroespacial alemã.
“O governo federal também está financiando o D328 por meio de seu programa de pesquisa de aviação a fim de transformar a visão de carbono zero para aeronaves em realidade”
A aeronave demonstra a aposta do mercado no segmento de aeronaves regionais de média capacidade, favorecido pela pandemia e um possível novo perfil do viajante nos próximos anos. A Embraer recentemente também divulgou planos de ingressar no mercado de aviões turbo-hélices regionais.