Chegada do Comac C919 é visto como potencial concorrente aos modelos ocidentais
Por Gabriel Benevides Publicado em 19/02/2021, às 17h00 - Atualizado às 18h34
Comac poderá se tornar um importante fabricante de aviões comerciais, mesmo que jamais venda fora da China
Conforme o programa do C919 da chinesa Comac avança no programa de certificação, que está ocorrendo dentro do cronograma, outros fabricantes já começam a avaliar o futuro cenário para aeronaves de corredor único.
A Airbus aproveitou a divulgação do seu balanço financeiro de 2020 para mencionar o C919 como um possível concorrente para a briga entre o A320neo e o Boeing 737 MAX.
Durante teleconferência, o CEO da Airbus, Guillaume Faury disse que está na hora de levar a sério o C919, mesmo que ainda seja cedo demais saber de fato o bimotor da Comac irá competir de igual para igual.
“Os desafios são muitos e acho que é muito cedo para dizer até que ponto a Comac será capaz de competir com a Boeing e a Airbus. Mas estamos levando a sério e observando cuidadosamente o que está acontecendo lá. Vimos outros players em outras regiões importantes do mundo tentando entrar no mercado regional, ou mesmo na aviação comercial, sem sucesso”, disse Faury com um tom de cautela.
Desenvolvido principalmente para atender o futuro maior mercado de aviação do mundo, a China, a Comac tem reiterado que seu foco inicial é obter ‘apenas’ um terço do mercado interno, o que representa aproximadamente 3.000 aviões em uma década.
Apesar de o foco primário do C919 ser voltado para o mercado da China, a Comac espera ter uma ampla experiência em seu terreno para avaliar no futuro a adição de clientes ao redor do mundo. Atualmente a única conversa com uma empresa estrangeira ocorreu em 2011, quando a Comac e a irlandesa Ryanair, uma das maiores empresas aéreas do mundo, se interessou pelo então projeto embrionário chinês. As conversas ocorreram no Paris Air Show, quando a Airbus e Boeing ainda desenvolviam seus respectivos aviões remotorizados.
Resta saber se o C919 irá de fato decolar além da China, algo que a Airbus e principalmente a Boeing deverão avaliar mais de perto no futuro pós-pandemia, especialmente em um momento crucial em que aeronaves de corredor único estão ganhando mais espaço, mesmo em rotas de longa distância, além do promissor mercado regional que serão atendidos principalmente em países emergentes que necessitam de aeronaves mais baratas.