Após doze anos Tribunal de Paris optou por indiciar o fabricante e a empresa aérea por homicídio culposo
Por Marcel Cardoso Publicado em 13/05/2021, às 17h00 - Atualizado às 17h57
Caixa preta do voo AF 447 foi encontrada no leito do Oceano Atlântico meses após o acidente
Após doze anos do acidente com o voo 447, que seguia do Rio de Janeiro para Paris, a Air France e a Airbus serão julgadas por homicídio culposo pela morte de 228 pessoas, em junho de 2009.
O Tribunal de Apelação de Paris, na França seguiu uma exigência do Procurador Geral feita no final de janeiro e invalidou a decisão proferida em 2019, em favor do fabricante e da companhia aérea.
Os advogados da Airbus disseram que irão recorrer, alegando que esta foi uma decisão injustificada, enquanto um advogado da Air France informou que a companhia negou ter cometido uma falha criminal.
O voo AF447 era operado por um Airbus A330-200 (F-GZCP) e seguia do Rio de Janeiro (GIG) para Paris (CDG), mas uma sequência de falhas no avião e na interpretação dos dados e ação por parte dos pilotos, levou ao acidente falta na madrugada do dia 1º de junho de 2009. O avião caiu no Oceano Atlântico, em águas internacionais, matando todos os ocupantes. Até hoje este foi o mais grave acidente envolvendo um A330.
O relatório final, apresentado em 2012, apontou que houve o congelamento dos tubos de pitot, responsáveis por fornecer dados aos computadores do avião, incluindo altitude e velocidade, que somado as reações incorretas dos pilotos foram as principais causas do acidente.
Sete anos depois, o judiciário francês descartou todas as acusações do Ministério Público local, que apontava negligência e imprudência por parte da Air France por não fornecer aos seus pilotos informações suficientes sobre os procedimentos de emergência a serem seguidos neste tipo de falha. A alegação é que já haviam sido reportados vários incidentes do mesmo tipo nos meses anteriores.
O sindicato de pilotos da Air France apoiou a decisão de julgar as ações da empresa aérea e da Airbus, considerados corresponsáveis pelo acidente. “É importante para nós que toda a verdade seja feita sobre as circunstâncias do acidente e que todas as responsabilidades sejam destacadas pelos juízes", disse Vincent Gilles, vice-presidente do Syndicat National des Pilotes de Ligne (SNPL).