IATA alerta que falta de um projeto governamental poderá levar setor a onda de falências sem precedentes
Por Gabriel Benevides Publicado em 07/04/2020, às 18h00 - Atualizado às 19h05
Passageiros poderão ficar sem reembolso caso efeito em cascata gerado pelo Covid-19 crie falência generalizada no setor
A IATA, a Associação Internacional de Transporte Aéreo, chamou atenção dos governos para a crise de liquidez do setor aéreo, que afetará metade das companhias de todo o mundo. A entidade cobra ações rápidas dos governos, destacando o risco da maioria das empresas ficarem sem caixa em três meses.
Por meio de uma teleconferência com jornalistas, o economista-chefe da IATA, Brian Pearce, e o diretor-chefe da IATA Alexandre Juniac, pediram aos governos que permitam que as companhias aéreas ofereçam cupons para outros voos em caso de voos cancelados, em vez de reembolsos. O Brasil foi um dos primeiros países a criar um plano de emergência que contempla a ação proposta.
Apesar de reconhecer as dificuldades para os clientes, Juniac considera as ações como questão de sobrevivência para as companhias aéreas, e reconheceu que as falências podem deixar os clientes portadores de bilhetes com poucas possibilidades para recuperar o valor pago. O executivo aproveitou para elogiar os governos em geral pela atitude aberta em relação ao apoio as companhias aéreas, em especial para os Estados Unidos, Singapura, Nova Zelândia, Colômbia, China, Noruega, além do bloco europeu.
Mesmo com todas as medidas elogiadas, o diretor da IATA pediu uma maior cooperação para permitir que os vouchers ajudem a mitigar os US$35 bilhões em obrigações de reembolso de passagens que as companhias aéreas acumularão no segundo trimestre, valor que representa mais da metade dos US$ 61 bilhões projetados para “queima de caixa” para o período.
“Se você observar os números que lançamos recentemente, no início do ano, algumas companhias aéreas tinham cerca de dois meses em dinheiro em seus balanços, nosso foco agora é a rapidez com que essas companhias aéreas estão queimando esses saldos em dinheiro”, disse Brian Pearce.
A IATA estima que as companhias aéreas devem começar a dar os primeiros passos na recuperação, somente no quarto trimestre deste ano, feito que dependerá diretamente dos estímulos dos governos, tendo uma recuperação total somente em 2021.