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Consequência das tensões entre EUA e Líbia

Segundo Incidente do Golfo de Sidra completou 35 anos

Dois MiG-23 líbios foram abatidos por dois F-14 Tomcat da Marinha dos Estados Unidos durante o chamado incidente do Golfo de Sidra


F-14 foram enviados para o Golfo de Sidra após caças líbios tentaram atacar novamente os norte-americanos na região - US Navy
F-14 foram enviados para o Golfo de Sidra após caças líbios tentaram atacar novamente os norte-americanos na região - US Navy

Há exatos 35 anos, em 4 de janeiro de 1989, dois Grumman F-14 Tomcats da Marinha dos Estados Unidos abateram dois Mikoyan-Gurevich MiG-23 Floggers operados pela Líbia, durante o chamado Segundo Incidente do Golfo de Sidra.

O combate ocorreu sobre o Mar Mediterrâneo, cerca 64 km ao norte de Tobruk, quando na ocasião as tripulações norte-americanas acreditavam que os líbios estavam tentando enfrentá-los e atacá-los, como havia acontecido oito anos antes, durante o Incidente no Golfo de Sidra em 1981.

Histórico

Em 1973, a Líbia reivindicou grande parte do Golfo de Sidra, como suas águas territoriais infringindo o padrão internacional máximo de 12 milhas náuticas (22,2 km) e posteriormente declarou uma "linha da morte", cuja travessia instigaria uma resposta militar.

Os Estados Unidos e demais países da Europa, especialmente os banhados pelo Mar Mediterrâneo, não reconheceram as reivindicações ilegais da Líbia e continuaram a desafiar a linha, levando a hostilidades militares que duraram pouco mais de quatro anos.

Em abril de 1986, um ataque terrorista na Alemanha, ligado à Líbia matou dois soldados americanos e um civil turco, que teve como retaliação ataques aéreos norte-americanos contra alvos líbios.

A administração de Ronald Reagan, então presidente dos EUA, via com preocupação as tentativas dos líbios obterem armas de destruição em massa, incluindo agentes químicos e biológicos, classificando-o como um Estado patrocinador do terrorismo. No segundo semestre de 1988, as tensões entre os dois lados se intensificaram depois que a Líbia foi acusada de construir uma fábrica de armas químicas.

Reagan reagiu indicando o potencial de uma ação militar para destruir a instalação. Isso fez com que os líbios aumentassem suas defesas aéreas em torno da área da edificação e colocassem o país em estado de prontidão militar. 

O incidente

Sidra
F-14 gravou ação que foi considerada um dos maiores incidentes militares da década de 1980

Poucas semanas antes do incidente, em dezembro de 1988, a Líbia patrocinou um atentado contra o voo 103 da Pan Am, que explodiu sobre a cidade escocesa de Lockerbie, ampliando ainda mais as hostilidades.

Em 4 de janeiro de 1989, aviões de combate americanos, liderados por caças F-14 Tomcat, foram despachados no que foi denominado como exercício de liberdade de navegação sobre o Golfo de Sidra. No entanto, esse movimento foi rapidamente confrontado pela defesa aérea líbia.

O incidente resultou no abate de dois caças líbios por parte dos F-14 norte-americanos. A tensão atingiu seu ápice quando os aviões da Marinha dos EUA confrontaram os caças líbios sobre as águas disputadas. A troca de tiros culminou na derrubada dos caças líbios, causando a perda de vidas e ampliando as hostilidades entre os dois países.

Passados 35 anos, o incidente no Golfo de Sidra permanece como um exemplo dos desafios enfrentados na gestão de disputas territoriais e geopolíticas. O envolvimento da aviação militar nesse confronto destaca o papel crucial que meios aéreos podem desempenhar em crises internacionais, ao mesmo tempo em que ressalta a necessidade contínua de diálogo e diplomacia para evitar tragédias no futuro.

Por Marcel Cardoso
Publicado em 04/01/2024, às 08h25


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