Levantamento mostra que a pandemia acentuou o número de ocorrências deste tipo nos aeroportos
As companhias aéreas registraram perdas de cerca de R$ 110 milhões em 2021 por conta de colisões com pássaros (bird strikes) no Brasil, segundo um levantamento divulgado pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), nesta quarta-feira (23).
O órgão afirmou que este tipo de incidente se intensificou durante a pandemia de covid-19, porque a redução drástica do movimento favoreceu a proliferação de muitas espécies dentro dos aeroportos em todo o país. “A partir da primeira retomada da operação aérea, durante o 2º semestre de 2020, os “bird strikes” ganharam intensidade e severidade. Da metade de 2021 até agora, a situação piorou em quantidade, perdas materiais e severidade do dano às aeronaves”, segundo o diretor de Segurança e Operações de Voo da Abear, Ruy Amparo.
Ainda segundo Amparo, a situação favoreceu a aproximação da fauna que costumava ficar no entorno dos aeroportos às pistas e taxiways. No ano passado, as companhias aéreas registraram 692 colisões com fauna no entorno dos aeroportos, o que representa uma média de aproximadamente duas colisões por dia. Desse total, 13% geraram danos às aeronaves.
Até 2012, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e a Força Aérea Brasileira (FAB) tinham o poder de vetar uma construção ou empreendimento no entorno dos aeroportos que pudesse significar qualquer risco de fauna dentro dos aeroportos, como prédios mais altos do que o normal ou frigoríficos clandestinos, por exemplo, que atraem urubus, porém, uma lei aprovada naquele ano transferiu esta responsabilidade aos municípios, mas ainda sem regulamentação.
Ações como o manejo de espécies de aves para lugares distantes dos sítios aeroportuários são uma alternativa em alguns aeroportos. No entanto, para espécies nativas, é necessário um pedido de autorização das autoridades ambientais para que haja esse tipo de iniciativa, em um processo por vezes lento.
Está em elaboração uma minuta de um decreto para instituir um Comitê Nacional de Risco de Fauna, com a participação de todos os stakeholders envolvidos com o tema, com gerenciamento da Secretaria de Aviação Civil (SAC) como política de estado. “É preciso uma política pública para mitigar os riscos e a ABEAR, em parceria com demais stakeholders da aviação comercial estão empenhados nisso. São custos que se somam à disparada do preço do querosene de aviação e da alta do dólar diante do real”, afirma o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.
Marcel Cardoso
Publicado em 23/02/2022, às 14h15
+lidas