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Parece uma limusine

O voo em um helicóptero de luxo

Fabricante instala uma cápsula dentro da cabine para reduzir ruído e oferece interior com o que existe de mais sofisticado em acabamento e entretenimento de bordo


Às vésperas da maior feira de aviação de negócios da América Latina, os principais fabricantes voltam suas atenções para o Brasil. No fim deste mês de agosto, o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, será palco da Labace, que reunirá algumas das mais sofisticadas aeronaves em operação no mundo. Entre os helicópteros que estarão presentes na exposição estática, destaque para o Bell 429 VVIP, uma versão de luxo com interior VIP, que tem preço a partir de US$ 6,3 milhões. 

Decolagem de Congonhas

A reportagem de AERO Magazine conheceu em primeira mão o helicóptero em um voo panorâmico sobre o Litoral Sul de São Paulo, partindo e chegando do hangar da TAM Aviação Executiva, representante das marcas Textron no Brasil, incluindo a Bell, em Congonhas.

Trata-se de um helicóptero biturbina leve com o que há de mais sofisticado em termos de tecnologia embarcada. Ele tem autonomia de até três horas e meia e voa de São Paulo a Belo Horizonte ou Florianópolis em cerca de duas horas. No Brasil, é um modelo utilizado para traslados de 40 minutos em média, podendo voar com apenas um piloto mesmo sem visibilidade (no jargão aeronáutico é um single-piloto IFR).

O diferencial desta versão é o seu interior batizado “VVIP”, com elevado padrão de luxo e requinte. Concebido pela companhia italiana Mecaer Aviation Group (MAG) com sugestões de clientes brasileiros e europeus, o interior oferece design e acabamento de alto padrão totalmente personalizáveis e uma engenhosa tecnologia de redução de ruído, além de janelas com sombreamento eletrônico automático, similares às de novos jatos comerciais, como o Boeing 787, e controle das funções de bordo com o próprio celular do passageiro.    

Vista aérea da orla de Santos 

Voo até o litoral

Ao decolarmos com quatro a bordo mais os dois pilotos, a redução de ruído a bordo chama a atenção. É possível conversar confortavelmente sem os fones de ouvido, mesmo durante a subida, momento em que os motores são bastante exigidos. “Temos uma redução passiva de ruído interno, que baixa de 96 dB para 78 dB”, explica Cássio Alberto Sánches, diretor de Vendas da Bell Helicopter Textron. “Uma solução criativa e inovadora para o velho problema do barulho na cabine. Uma cápsula instalada dentro da fuselagem, sem nenhum ponto de apoio no teto da aeronave, elimina a propagação de ruído no interior do helicóptero”. Ou seja, é como se fosse uma cabine dentro da cabine. Segundo o executivo, mulheres já elogiaram a solução por “não estragar o penteado com o fone”.   

O interior da aeronave configurado para quatro passageiros permitiu a instalação de duas galleys com monitores onde se pode ver o mapa do voo (e não perturbar o piloto querendo saber se está chegando), um filme em Blu-ray ou uma apresentação em Excel ou Power Point. Sentados dois a dois frente à frente, acomodamos as pernas sem desconfortos.

Controle das funções da cabine com tablet 

As funções da cabine podem ser controladas pelo tablet ou smartphone do próprio passageiro, bastando se conectar à rede intranet do helicóptero. “Esse roteador do helicóptero permite ao passageiro controlar com seu próprio aparelho com toques na tela desde a luminosidade da janela e as luzes da cabine até o entretenimento multimídia”, explica Sánches. Para quem estiver disposto a investir um pouco mais, é possível instalar um sistema de wi-fi a bordo para ter acesso à internet ao se deslocar.

Janelas escurecem

Durante o voo, nosso anfitrião demonstra o sistema eletrocromático das janelas. O vidro escurece eletronicamente, saindo de claridade total até o bloqueio de 60% a 70% da luz externa. É possível controlar apenas uma ou as quatro janelas do helicóptero ao mesmo tempo. Ele também demonstra as opções de cores das luzes de teto em LED: amarela para relaxar, azul para voos noturnos e branco para o dia.  

Janelas escurecem automaticamente. Zona de cabine é separada do cockpit

Avistamos a orla de Santos depois de menos de 20 minutos de voo. Passamos a falar sobre o acabamento da aeronave. “Note que os assentos ganharam um novo design. Além disso, é possível escolher os mais variados tecidos, couros e acabamentos, incluindo madeira e metal. Esta versão, mais confortável, acomoda quatro passageiros, mas há configurações para cinco ou seis passageiros”, explica Sanchés, que aponta para a costura dos assentos: “É possível escolher até a cor da costura”. Um detalhe é que tanto o carpete quanto os assentos da cabine também são aplicados para os pilotos.  

Como nas limusines 

Outra novidade desta versão de luxo em relação ao Bell 429 tradicional é a separação entre a zona de cabine de passageiros e o cockpit. Uma janela divide as áreas, como em uma limusine. Caso queiram falar com os pilotos, headsets com microfones ficam disponíveis para os passageiros. No nosso voo, conversamos com o piloto durante a simulação de uma situação de emergência de perda de um motor. O comandante faz a transição para o voo monomotor enquanto explica os comandos no painel. Na cabine, é praticamente imperceptível a mudança. “No caso de pane de um motor, o piloto consegue voltar com o helicóptero ou pousar em uma área adequada em segurança”, assegura Cassio Sanchés.

Mais um item de segurança do helicóptero beneficia o dono que precisa operar sua aeronave em qualquer situação de visibilidade. Trata-se de um sistema de aproximação de pouso vertical em piloto automático, o WASS, na sigla em inglês. “É o primeiro helicóptero do mundo certificado para isso. O helicóptero pousa praticamente sozinho”. Na volta para Congonhas, durante a aproximação, sentimos a única trepidação durante a demonstração, justamente por conta do pouso, que é um dos momentos mais críticos de um voo. Em solo, abrimos o porta-mala, com capacidade para dois metros cúbicos de bagagem, o que significa levar um saco de golfe ou objetos maiores. 

Redação
Publicado em 16/08/2016, às 18h13 - Atualizado em 17/08/2016, às 11h00


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