Com custos de manutenção e modernização proibitivos, Brasil se desfaz de seu maior navio
Atualmente o A12 São Paulo tem 64 anos desde que começou a ser construído e seus custos se tornaram proibitivos
O único porta-aviões brasileiro foi arrematado em um leilão por pouco mais de R$ 10,5 milhões. A embarcação que está fora de serviço se tornou um dos maiores imbróglios da Marinha do Brasil, que dispende consideráveis recursos apenas para manter o navio em condições mínimas de segurança.
Como comparação, o mais recente porta-aviões dos Estados Unidos, o USS Gerald R. Ford (CVN-78) deverá custar R$ 72 bilhões. A completa modernização e atualização do São Paulo poderia ultrapassar a marca do R$ 1 bilhão. Contra pesava o fato do navio ter mais de sessenta anos de serviço e uma vida útil já próxima do final para seu casco e propulsores.
De acordo com o portal Airway, a venda foi realizada pela casa de leilões João Emílio Leiloeiro, no Rio de Janeiro (RJ), ocorreu na última sexta-feira (12) e foi conduzido pela Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON, vinculada ao Ministério da Defesa).
O processo de venda do porta-aviões São Paulo (A12) começou em setembro de 2019, mas no ano passado não houveram interessados no leilão. O lance inicial agora era de R$ 7.756.243,80 enquanto o valor oferecido foi de 10.550.000,00, ligeiro ágil e que deverá ser utilizado pela Marinha em outros projetos em andamento.
O São Paulo foi adquirido da marinha francesa em 2000, quando ostentava o nome Foch e tinha 43 anos, sendo quase quarenta de serviço ativo. Porém, o navio teve uma vida curta na Marinha do Brasil, onde sofreu uma série de falhas e um acidente grave.
Inicialmente a Marinha planejava modernizar e reformar o porta-aviões, visando manter sua capacidade de emprego de aeronaves de asa fixa. Aliás, a força chegou a modernizar parte da aviônica e sistemas do caça embarcado A-4KU.
Assim como o A12 São Paulo, as aeronaves de ataque A-4KU chegaram ao Brasil com mais de trinta anos, fazendo parte de uma geração de aeronaves fora de produção há várias décadas. Com capacidade limitada pelo porta-aviões e pelo caça, a Marinha reviu suas prioridades e optou por desativar definitivamente o São Paulo.
Atualmente o Brasil conta com um navio de assalto anfíbio, de tipo porta-helicópteros, Atlântico A140, que permite manter a capacidade de emprego de meios aéreos pela marinha. O Navio produzido entre 1994 e 1998, tinha vinte anos quando foi vendido pela Real Marinha Britânica, após passar por um extenso programa de modernização anos antes.
O São Paulo deverá ser o último porta-aviões da Marinha do Brasil, que não tem planos no curto prazo de adquirir ou construir nenhum substituto para o que foi por vários anos o seu maior navio.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 16/03/2021, às 16h00 - Atualizado às 17h09