Dos mais de 15.000 P-51 Mustang fabricados durante a Segunda Guerra Mundial, apenas 159 ainda voam
Um censo atualizado do site especializado MustangsMustangs aponta que 311 células completas do caça norte-americano P-51 Mustang ainda existem. Dessas, 159 permanecem em condições de voo, 66 estão em exibição estática em museus, 54 passam por processos ativos de restauração, 29 estão armazenadas a longo prazo, e outras nove não têm informações públicas suficientes para categorização precisa.
A base de dados é atualizada semanalmente com informações de proprietários, seguradoras, registros oficiais e contribuições do público. Produzido pela North American Aviation, o P-51 Mustang teve mais de 15 mil unidades fabricadas entre 1941 e 1945, sendo que mais de 8.000 eram da variante “D”.
Atualmente, menos de 1% da produção original segue em condições de voo. Segundo a Commemorative Air Force, há cerca de 150 Mustangs operacionais em todo o mundo, entre exemplares preservados em museus, em exibições aéreas ou em processo de restauração.
4. P-51 Mustang fighter aircraft of the 361st Fighter Group in formation over England, 1944. #WW2pic.twitter.com/TtRvVw4dFg
— Heyits_jasica (@Heyits_jasica) May 8, 2025
O alto volume de produção durante a Segunda Guerra Mundial contribuiu para a sobrevivência do modelo. Após o conflito, milhares de aeronaves foram declaradas excedentes pelas Forças Aéreas do Exército dos EUA. O preço para civis era baixo: um Mustang poderia ser adquirido por US$ 3.500 (R$ 19.822). Em muitos casos, os caças foram levados para fazendas ou autódromos, evitando o sucateamento imediato.
A venda de aeronaves de guerra excedentes foi conduzida pela War Assets Administration e pela Reconstruction Finance Corporation (RFC), que, até o verão de 1945, operavam trinta depósitos e 23 centros de venda. Cerca de 117.000 aeronaves foram transferidas como excedentes de guerra. Enquanto aviões de transporte e treinamento encontraram utilidade civil ou militar entre aliados, caças e bombardeiros foram adquiridos principalmente por colecionadores, museus e operadores de combate a incêndios.
A valorização recente de caças históricos reflete o crescente interesse por aviação militar. Em 2023, o portal Plane & Pilot noticiou a venda do que seria o último P-51D original e não restaurado, acompanhado do maior estoque de peças da aeronave no mundo — suficiente para encher até oito caminhões. A aeronave foi anunciada por US$ 4,5 milhões (R$ 25,5 milhões) e, segundo os registros, foi vendida.
Dados do site Controller.com mostram que o preço de mercado de um P-51D pode variar entre US$ 3 milhões e US$ 5 milhões (entre R$ 17 milhões e R$ 28,3 milhões), embora muitos anúncios exijam contato direto para a negociação. Em 2015, um exemplar encontrado em um celeiro foi leiloado com lance inicial de US$ 150 mil (R$ 849,5 mil). Sem motor, mas com estrutura original, estimava-se que o custo de restauração ultrapassaria US$ 1,5 milhão (R$ 8,5 milhões).
Projetado em 1940 por James H. Kindelberger, o P-51 voou pela primeira vez em outubro do mesmo ano. Inicialmente equipado com motor Allison, teve seu desempenho significativamente ampliado com a adoção dos motores Rolls-Royce Merlin. A versão P-51D, a mais produzida, contava com seis metralhadoras calibre .50 e alcançava velocidades superiores a 640 km/h.
Durante a guerra, os Mustangs desempenharam papel fundamental como escolta de bombardeiros em missões sobre a Europa e o Pacífico, destruindo cerca de 5.000 aeronaves inimigas. Ao fim do conflito, vários países passaram a operar a aeronave.
Hoje, a sobrevivência dos Mustangs voadores depende de uma rede global de apoio logístico, troca de peças, conhecimentos técnicos e investimentos em preservação. Especialistas alertam que fatores como a escassez de pilotos, envelhecimento dos motores e mudanças regulatórias podem comprometer a manutenção dessas aeronaves em operação.
Por Marcel Cardoso
Publicado em 09/05/2025, às 09h24