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O peso da geopolítica

Lula quer ajudar a Embraer a vender aviões ao Irã

Embargos internacionais e pressão de vizinhos do Irã na prática inviabilizam o governo Lula de ajudar a Embraer a vender aviões


Venda de aviões ao Irã depende de aprovação internacional e esbarra em conflitos de interesses - Embraer
Venda de aviões ao Irã depende de aprovação internacional e esbarra em conflitos de interesses - Embraer

O embaixador iraniano, Hossein Gharibi, quer retomar as negociações com o governo Lula para a compra de até 40 aviões da Embraer. O assunto está em aberto há vários anos, com a última tentativa realizada em meados de 2022, mas enfrenta desafios geopolíticos e de embargos internacionais.

De acordo a Folha de São Paulo, o embaixador inaniano pediu uma audiência com o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, para tratar das relações bilaterais e o interesse em compras aviões brasileiros.

Todavia, embora o atual governo brasileiro tenha interesse em estreitar as relações com o Irã, um dos entraves é o bloqueio internacional, liderado pelos Estados Unidos e União Europeia, ao governo teocrático de Teerã. Mesmo países como a China sofrem com barreiras internacionais, visto que parte de seus produtos contam com tecnologias ocidentais e que são proibidas de serem exportadas ao Irã.

Os aviões da Embraer, assim como de seus principais rivais, contam com componentes produzidos globalmente e com tecnologias sensíveis que dependem de aprovação dos Estados Unidos, França e União Europeia para serem comercializados. A distinção entre a França e a União Europeia ocorre pela independência tecnológica francesa, que conta com regra próprias e não necessariamente alinhadas as regras do bloco europeu.

Com motores, aviônica e sistemas gerais produzidos por fabricantes com sede nos Estados Unidos e Europa, a Embraer, da mesma forma que a Airbus, Boeing, Bombardier, entre outros, depende de aprovação para exportar seus aviões para países que sofrem com embargos internacionais.

É pouco provável que a Embraer obtenha qualquer autorização especial para exportação ao Irã, que sofreria com pressões até mesmo de países do Oriente Médio, sobretudo da Arábia Saudita, Israel, Emirados Árabes e Egito.

A quase compra de aviões pelo Irã 

A primeira tentativa do Irã em adquirir aviões da Embraer ocorreu em 2016, quando o presidente norte-americano Barack Obama suspendeu os embargos de exportação de aeronaves. Na ocasião Teerã havia feito um pedido bilionário para renovar sua frota de aviões comerciais, incluindo um acordo de US$ 25 bilhões com a Airbus, que previa 46 A320, 38 A330, dezesseis A350 e doze A380.

Com a Boeing o acordo era avaliado em US$ 17 bilhões e incluía 80 aviões, incluindo cinquenta 737 MAX 8, quinze 777-300ER, quinze 777-9 e oferta para compra de dois 747-8 de passageiros. Por fim, ainda havia o interesse em 50 jatos da família E-Jet da Embraer e outros 40 aviões turboélices da ATR.

O bilionário pedido chamou atenção de analistas militares do Ocidente, que viam o exagero da encomenda, que superava a demanda existente no Irã e mesmo em países vizinhos com transporte aéreo estruturado, como os Emirados Árabes Unidos e Qatar. Ao assumir a presidência dos Estados Unidos, em janeiro de 2017, Donald Trump vetou qualquer venda de aviões ao Irã, o que foi endossado pela comunidade europeia.

Um dos temores era que o pedido na verdade visava os modernos sistemas de navegação dos jatos comerciais, que poderiam ser usados em misseis balísticos intercontinentais. Com uma frota composta por mais de 250 aviões modernos o Irã teria acesso quase ilimitado a milhares de componentes críticos, que poderiam ser adquiridos em grandes lotes como peças de reposição da frota.

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Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 07/02/2023, às 15h05


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