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Completamente irregular

Lamia não pagou pela manutenção dos aviões

Empresa boliviana possui um rastro de dívidas e processos junto à Justiça do país


A Lamia deixou para trás uma série de dívidas não honradas, de modo a obrigar a força aérea boliviana a confiscar dois dos três Avro RJ85 (BAe 146) da frota e prender - por pouco tempo - um dos sócios da empresa.

A revelação é mais uma de extensa trilha de erros e detalhes assustadores sobre o passado da Lamia. Fatos que deveriam servir de aviso para as autoridades aeronáuticas.

De acordo com comunicado oficial do Ministério da Defesa da Bolívia, a Lamia realizou serviços de manutenção de suas três aeronaves junto à força aérea, mas só pagou metade do valor devido, passando a voar com apenas um avião. Após meses de recusa do pagamento das taxas de hangaragem, o governo recorreu a ações legais e confiscou as duas aeronaves.

O ministro da defesa Reymi Ferreira informou ainda que o comandante do avião, morto no acidente, havia sido detido meses atrás pelo não pagamento dos serviços de manutenção e por não ter servido à força aérea do país. Ferreira também acredita que os responsáveis pela aprovação do plano de voo da fatídica viagem deveriam ser processados.

A Lamia que só recebeu a licença para operar no início deste ano, mesmo diante de uma série de irregularidades, teve seu certificado suspenso e as autoridades bolivianas estão investigando se o filho de outro sócio da empresa e ex-general da força aérea, Gustavo Vargas, então responsável pelas licenças de voo, favoreceu a empresa.

“Foi um erro cometido por duas ou três pessoas que estão causando um dano enorme à indústria de aviação da Bolívia, mas não se pode culpar nosso país”, afirmou Ferreira, aludindo à possibilidade de rebaixamento no ranking de segurança internacional do país.

Investigadores na Colômbia informaram que esperam a conclusão do relatório preliminar do acidente em dez dias.

Processos


Piloto do voo da Chapecoense, Miguel Quiroga respondia processo na Bolívia por abandonar a força aérea do país

O comandante do voo da Lamia, Miguel Quiroga, também tinha um mandado de prisão na Bolívia por desertar da força aérea. O motivo seria o não cumprimento do tempo obrigatório de serviço. Após formados, os pilotos militares assumem um compromisso de não se retirarem do serviço militar até que os anos determinados de serviço estejam cumpridos. Contudo, Quiroga se retirou antes do tempo, passando a voar na aviação civil. Para evitar a prisão, o piloto teria entrado com um recurso na Justiça.

Na Bolívia, a formação de um piloto da força aérea custa ao contribuinte cerca de R$ 340.000. Pelas leis bolivianas, somente em casos extremos é permitida a baixa do piloto antes do tempo, algo que não foi comprovado por Quiroga.

O piloto tinha 36 anos e era um dos sócios da companhia aérea Lamia.

Ernesto Klotzel
Publicado em 06/12/2016, às 13h30 - Atualizado às 14h59


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