Agência de risco Fitch considera investimento da holding Abra, controladora da Gol uma troca forçada de dívida
A agência de risco Fitch anunciou ontem (10), o corte da nota de crédito da Gol Linhas Aéreas de ‘B-’ para ‘C’, rebaixando a empresa para o grau de riscos substanciais. O anúncio ocorre após a reclassificação da Azul, onde fontes nos bastidores apontam a contratação consultoria para possível reestruturação financeira.
Citando uma perspectiva negativa, a agência de risco considera o compromisso de investimento firmado entre a Gol e o Grupo Abra, holding criada entre a companhia brasileira e a Avianca, uma troca forçada de dívida (Distressed Debt Exchange – DDE, na sigla em inglês).
A Abra se comprometeu em emitir um mínimo de US$ 1 bilhão em títulos de dívida (bonds) com vencimento em 2028, além da injeção de capital no valor de US$ 400 milhões diretamente na Gol. Os recursos serão utilizados com finalidades corporativas em geral, para a modernização da frota e para o gerenciamento de obrigações.
"A proposta de refinanciamento deverá resultar em alteração material nos termos de subordinação estrutural e no cancelamento de covenants para os detentores de bonds que não a aceitarem. A proposta inclui diferentes níveis de descontos (haircuts) nos bonds da Gol, que ficariam mais alinhados às tendências atuais de preço do mercado, e depende de uma aprovação mínima de investidores e de consenso para eliminar covenants", diz a Fitch em comunicado.
Ainda assim, a agência avalia que a queda dos gastos com combustível, aliada ao corte nos custos da companhia deve melhorar o fluxo de caixa da Gol em 2023. A Fitch acredita que lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBTIDA) da Gol deve ser de R$ 2,3 bilhões em 2022 e R$ 4,4 bilhões em 2023, frente resultados negativos registrados em 2020 e 2021.
Por Wesley Lichmann
Publicado em 11/02/2023, às 12h35
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