Hugh Hefner foi um dos primeiros usuário da aviação executiva. Confira esta história
O fundador da íconica Playboy, Hugh Hefner, que morreu aos 91 anos, foi um dos maiores empreendedores da indústria do entretenimento nos Estados Unidos. Num tempo de forte moralismo e segregação, fundou em 1953 a Playboy, que anos mais tarde daria origem a um dos maiores impérios do entretenimento adulto.
Entre seus pioneirismos está o fato de em 1969, Hugh Hefner ter sido um foi um dos primeiros empresários a fazer o uso de uma aeronave de negócios corporativa. Ele mandou adaptar um Douglas DC-9-32 para uso privativo e concebeu um interior com configuração VIP, tornando o avião um dos primeiros destinados ao transporte executivo no mundo.
Na época do DC-9 havia acabado de ser lançado e logo se tornaria um dos mais populares aviões comerciais da história, rivalizando com o Boeing 737-200. O avião possuía capacidade para até 127 passageiros, com alcance de 3.000 km, o que o tornava ideal para a maior parte das linhas domésticas da época.
Com um custo de US$ 5,5 milhões (aproximadamente US$ 45 milhões, corrigido para 2016) o fundador da Playboy adquiriu o avião novo da Douglas e o tornou um dos mais luxuosos de seu tempo. O interior recebeu um layout que podia acomodar até 33 passageiros, em quatro zonas de cabine. Na parte dianteira, dois ambientes com mesa permitiam reuniões de negócio e refeições elaboradas, seguindo o mais alto padrão gastronômico das primeiras classes da época. No centro, sobre a asa do avião, uma imponente área de conveniência era a principal zona de cabine, contanto com sofá duplo, televisor colorido (uma raridade), e até sistema de som surround. Mesmo num espaço reduzido, a principal zona de cabine era sempre local de uma discoteca, tornando-se um dos símbolos máximos do avião. Todos os convidados sonhavam em conhecer a "balada" dos ares.
A última seção era um dormitório, com cama redonda, algo que logo se tornaria um dos símbolos da vida de Hugh Hefner. Por fim, a maior inovação para um avião VIP na época foi um banheiro com chuveiro. Tal comodidade, rara mesmo nos dias de hoje era algo restrito ao avião presidencial dos Estados Unidos.
Além disso, Hefner conseguiu autorização para pintar o avião inteiramente de preto, realçando o icônico coelho pintado em branco no estabilizador vertical.
Por seis anos o avião percorreu os Estados Unidos e alguns países que o time da Playboy visitou, tornando-o uma extensão da icônica mansão. Embora fosse comum festas a bordo, era fácil ver Hefner trabalhando em voo, tornando-se um dos primeiros empresários do mundo a aproveitar as vantagens de um avião para fazer negócios e trabalhar durante a viagem.
O avião, matricula N950PB, voou apenas seis anos ostentando o polêmico coelhinho, para depois ser vendido. Ainda assim, o DC-9 preto marcou a aviação e o mundo dos negócios, tendo criado padrões de muito do que seria visto nos aviões executivos anos mais tarde. A aeronave se aposentou após voar até 1979 pela Aeroméxico, já com interior destinado ao transporte de passageiros. Com a rápida evolução das aeronaves entre as décadas de 1960 e 1980, o DC-9 logo se tornou limitado, cedendo lugar a seus irmãos mais modernos e com maior capacidade, como os MD-80 e MD-90, e seus rivais Boeing 737.
Atualmente parte da fuselagem do icônico N950PB encontra-se em um parque infantil em Cadereyta, no México, sendo ironicamente utilizado como ferramenta educacional e de lazer.
Edmundo Ubiratan | Fotos: Playboy Enterprises
Publicado em 28/09/2017, às 12h00 - Atualizado às 13h04
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