Indústria

Produção industrial da França recua após pico da Airbus

Setor industrial francês recua 1,1% em julho e sente os impactos da menor produção de aeronaves pela Airbus

Airbus A321XLR — França registra queda industrial após avanço da Airbus - Airbus

A produção industrial da França caiu 1,1% em julho na comparação com junho, informou a agência de estatísticas Insee. O resultado reverte parte do avanço de 3,7% do mês anterior, impulsionado pela fabricação de aeronaves da Airbus, responsável pela maior alta do setor desde 2020.

A Airbus, principal exportadora industrial do país, exerce forte impacto nos indicadores mensais, e as oscilações de sua produção têm peso direto no resultado agregado da indústria. Em junho, o fabricante sustentou o crescimento do setor, enquanto em julho a retração evidenciou a dependência da economia industrial francesa em relação à empresa.

Segundo o Wall Street Journal, o recuo ficou levemente acima da queda de 1,0% projetada por analistas consultados pelo jornal. A retração foi puxada pelo segmento de equipamentos de transporte, que inclui aeronaves, mas não automóveis, com baixa de 16% em julho após salto de 26% em junho.

Apesar do recuo, analistas veem espaço para que a indústria francesa contribua positivamente para o crescimento econômico do terceiro trimestre. O economista Claus Vistesen, da Pantheon Macroeconomics, em conversa com o Wall Street Journal, afirmou que a manufatura deve manter papel de impulso à atividade, ainda que indicadores mais amplos sinalizem riscos de desaceleração.

O cenário político adiciona incerteza. A queda do governo de Bayrou, ocorrida na segunda-feira (8), pode afetar a confiança de empresas e consumidores, levando ao adiamento de investimentos, contratações e consumo, segundo economistas do ING. A avaliação é de que o enfraquecimento da confiança tende a pesar sobre a dinâmica econômica no curto prazo.

Ainda assim, há expectativa de recuperação gradual no setor industrial da zona do euro. Analistas apontam que o acordo comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos, aliado ao aumento dos gastos da Alemanha em defesa e infraestrutura, podem sustentar a demanda e apoiar uma retomada.