Espaço para cargas e passageiros poderá definir conceito adotado no provável 797
Recentemente as três principais empresas aéreas dos Estados Unidos, a United Airlines, American Airlines e Delta Air Lines, confirmaram o interesse nos estudos da Boeing para o substituto do 757, conhecido informalmente como 797.
As empresas norte-americanas desejam substituir as frotas de 757 e 767, bastante envelhecidas, por um novo modelo capaz de superar as marcas do dueto A3210neoLR e A330neo. Porém, a maior disputa para esse mercado deverá ser travada na Ásia, onde a capacidade dos porões de carga será o diferencial. As operadoras orientais desejam transportar mais carga, além de passageiros, do que o usual entre as companhias ocidentais.
As propostas do projeto, por ora, seguem a tendência de uma seção transversal em dupla bolha, que oferece mais espaço e conforto de espaço para os passageiros, às custas do espaço nos porões de carga.
As três grandes aéreas norte-americanas e suas rivais do Pacífico possuem necessidades e metas diferentes do quando de bagagem e carga devem transportar. Enquanto as asiáticas pressionam por um volume máximo disponível nos porões de carga, as norte-americanas desejam maior espaço interno para passageiros. O formato da seção transversal oval permite uma fuselagem mais larga no piso principal, que pode acomodar mais passageiros por fileira, ou oferecer maior espaço para os ombros, porém, a relação à carga sob o piso principal da cabine é reduzida.
A diferença de objetivos é facilmente explicado, os países asiáticos são exportadores de bens duráveis, especialmente eletrônicos, e grandes importadores de itens alimentícios. O que torna atraente combinar máximo transporte de passageiros com amplo espaço para cargas. Na prática a ideia é reviver o conceito de aviões Combi, que podiam transportar passageiros e cargas, mas apenas atualizando como e onde transportar cada um. Anteriormente carga e passageiros compartilhavam o piso principal, agora o objetivo é dividir ambos por níveis. Assim é possível maximizar o transporte de ambos.
As empresas aéreas norte-americanas não possuem muitas ambições com relação ao espaço disponível nos porões, já que o foco é o transporte de passageiros dentro do territórios dos Estados Unidos ou em voos para destinos com grande demanda de passageiros e pouca de carga, como Europa, Canadá e México.
O projeto NMA (New Midsize Airplane ou New Middle-of-Market Aircraft ) ainda está em fase inicial de estudos, com previsão do primeiro avião voar apenas em 2025. A Boeing pode oferecer uma família segundo o conceito do 757/767, que compartilhavam grande parte dos sistemas, embora fosse um narrowbody e um widebody. Outra opção é um avião de fuselagem larga, mas com uma seção transversal intermediária entre o 737 e 767, o que o tornaria capaz de voar na maior parte dos aeroportos do mundo.
A previsão é que o novo avião possa atender a demanda de empresas de todo o mundo, sem criar nichos específicos como ocorria até meados dos anos 1990. O objetivo é garantir presença no mercado dos Estados Unidos, ainda o mais importante de forma isolada, mas ganhar espaço na Ásia, a região com maior crescimento no mundo. Dos 1.350 novos destinos lançados em 2017, 600 foram entre cidades asiáticas, sendo mais de 400 na China. Nos Estados Unidos, foram 61 novas rotas.
A Boeing deverá definir nos próximos meses detalhes do programa, para oferecer sua primeira proposta ao mercado.
Por Ernesto Klotzel
Publicado em 08/03/2018, às 14h00 - Atualizado às 15h18
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