Mitsubishi alega que coronavírus e retração do mercado aviação foram os motivos para revisar planos
Lançado há doze anos, o SpaceJet não conseguiu resolver questões elementares de engenharia e certificação
A Mitsubishi Heavy Industries confirmou os rumores acerca da suspenção do desenvolvimento do programa SpaceJet, que previa um avião comercial regional. O fabricante japonês já tinha dado declarações anterior sobre a incerteza a respeito da continuidade do projeto, que enfrenta sérios atrasos desde o seu lançamento em 2008.
O programa SpaceJet deveria ter iniciado as primeiras entregas em meados de 2014, mas após uma série de mudanças na agenda e no projeto, a Mitsubishi enfrenta agora os desafios criados pela pandemia do novo coronavírus.
Após a divulgação do plano de negócios para 2021, a MHI decidiu fazer uma pausa temporária nas atividades de desenvolvimento, sob argumento de revisar, melhorar e avaliar o possível reinício do programa.
A decisão não foi considerada uma surpresa no mercado, que já previa a ação do fabricante japonês, que já consumiu mais de US$ 10 bilhões e não gerou nenhuma perspectiva de certificação ou mesmo venda.
O programa SpaceJet, inicialmente chamado de MRJ (Mitsubishi Regional Jet), deveria criar o primeiro avião comercial a jato japonês. Desde o fim da produção do turbo-hélice YS-11, em 1974, o Japão não havia desenvolvido nenhum avião comercial. Todavia, o SpaceJet sofreu com uma percepção incorreta do mercado, mudando diversas vezes seu foco ao longo dos anos, o que inclui até a mudança de nome do avião. Além disso, a MHI não conseguiu cumprir com os rígidos protocolos de certificação.
“Dada a situação atual de desenvolvimento e as condições de mercado, não temos escolha a não ser pausar temporariamente a maioria das atividades da SpaceJet. Vamos trabalhar para revisar nossa posição, fazer melhorias e avaliar um possível reinício do programa”, disse a Mitsubishi Heavy Industries em um comunicado oficial.
Enquanto o avião regional japonês esbarra em atrasos e incertezas, as concorrentes Embraer e Airbus esperam absorver a maior parte do mercado de jatos regionais no pós-pandemia. O fabricante brasileiro além da perspectiva de alavancar as vendas dos aviões da família E-Jet E2, ainda tem plano de lançar um novo avião comercial turbo-hélice, projeto que está em fase de estudos há vários meses.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 03/11/2020, às 10h00 - Atualizado às 16h38
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