Motivo provável: deficiência do porta-aviões
O segundo acidente de um avião militar russo nas costas da Síria em menos de um mês acentuou uma debilidade na demonstração da força naval no Mediterrâneo e seu porta-aviões que comanda as operações.
O Almirante Kuznetsov, o único e envelhecido porta-aviões russo, é considerado pelos analistas como inadequado para dar apoio terrestre em um conflito como o da Síria. É um navio muito velho, com tecnologias antigas, não preparado para um regime intenso de voos.
O Ministério de Defesa da Rússia anunciou na segunda-feira, que ao retornar de uma missão de combate, um Sukhoi Su-33 “Flanker-D” mergulhou no Mediterrâneo quando se preparava para pousar no Kuznetsov. Como já noticiado, o motivo foi o tempo exigido para o reparo de um cabo de frenagem a bordo do navio. O piloto ejetou e foi resgatado pela equipe de busca e salvamento, praticamente ileso. No mês passado, um MiG-29K se acidentou quando seu piloto tentava um pouso de emergência no navio, pouco após a decolagem.
O conflito sírio é a primeira missão de combate do Almirante Kuznetsov que tem um histórico nada lisonjeiro com relação a acidentes a bordo em operações de treinamento, desde quando foi lançado em 1985.
Ao contrário dos porta-aviões modernos, o Kuznetsov não tem um sistema de catapultas e assim os jatos que decolam utilizam uma rampa (lembrando o Ski Jump dos Harrier) tornando as operações de decolagem e pouso muito delicadas. Existem a bordo um número limitado de pilotos qualificados para estas operações e, segundo os analistas, “há poucos pilotos no mundo capacitados para operar nessas condições”.
Quanto à escolha dos modelos embarcados, parece que a inadequação tem continuidade: o Su-33 é um caça para superioridade aérea, projetado para fornecer defesa aérea às forças navais aliadas, bem longe das costas amigas e não para atacar alvos em terra.
O MiG-29K é um caça multimissão capaz de atacar alvos no ar e em terra, e é uma variante embarcada do tradicional MiG-29 mas foi “groundeado”ao menos temporariamente quando um deles se acidentou, deixando as missões a cargo do Su-33.
Classificando como “heroica” a missão do Almirante Kuznetsov pode-se deduzir que o porta-aviões não será chamado de volta tão cedo por Moscou.
Ernesto Klotzel
Publicado em 07/12/2016, às 16h48 - Atualizado às 17h06
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