Projetista-chefe do avião chinês J-20 comparou a capacidade do norte-americano F-22 aos projetos dos anos 1950
F-22 é o mais poderoso caça da força aérea dos Estados Unidos e considerado um dos mais modernos do mundo
A China considera o F-22 Raptor, o mais poderoso caça da força aérea dos Estados Unidos, uma ameaça tão letal quanto o veterano F-4 Phantom II, projetado nos anos 1950. Ao menos é o que diz Yang Wei, projetista-chefe do programa J-20, o caça de quinta geração chinês.
Segundo o engenheiro, o F-22 foi projetado em um contexto onde o rival deveria ser a União Soviética, em um cenário de combate projetado para a década de 1990 na Europa. Ainda que o avião tenha voado pela primeira vez apenas em 1997, o conceito foi definido em um ambiente onde o maior rival estava na Europa e não na região da Ásia.
Em artigo publicado na revista acadêmica Acta Aeronautica et Astronautica Sinica, dedicada as ciências aeroespaciais chinesas, Yang Wei detalha que o F-22 em um hipotético cenário de guerra com a China enfrentaria os mesmos problemas e desafios que os veteranos caças F-4 na guerra do Vietnã.
Chinês J-20 foi o primeiro caça de quinta geração declarado operacional fora dos Estados Unidos
Na ocasião o F-4 Phantom, um caça-bombardeiro empregado pela força aérea (USAF) e marinha (US Navy) dos Estados Unidos, dispunha de elevada velocidade e grande poder de fogo baseado em misseis. O projeto previa que no caso do uso como um caça, o F-4 enfrentaria apenas os bombardeiros soviéticos e caças a longa distância, além do alcance visual. O projeto original sequer contemplava a instalação de canhões, visto que os estrategistas do Pentágono consideravam que os dogfight, o combate aéreo entre dois aviões de caça, num espaço de curto alcance, era coisa do passado.
Todavia, no Vietnã os norte-americanos enfrentaram condições constantes de combate a curta distância com os versáteis e manobráveis MiG-19 e MiG-21, o que se revelou uma enorme desvantagem para o então poderoso Phantom.
O argumento chinês é que o F-22 possui um alcance ideal para os teatros de operação europeus, com raio de combate de 460 nm (850 km), considerado insuficiente para os estrategistas de Pequim.
Outro ponto destacado é que o F-22 é um projeto concebido nos anos 1980, que voou pela primeira vez em 1997, por tanto, com mais de duas décadas desde o primeiro voo. O J-20, o primeiro caça furtivo de quinta geração operacional fora dos Estados Unidos, realizou seu voo de estreia em 2011, quase quinze anos depois.
O artigo de Yang Wei aponta que o J-20 foi criado após um amplo estudo das capacidade e deficiências do F-22 e do F-35. Em relação ao Raptor, o J-20 tem um alcance superior, alegado em 700 nm (1.296 km), o que o tornaria mais eficiência em missões na Ásia e Pacífico.
Para o chinês um eventual combate em dogfight entre o F-22 e o J-20 o caça norte-americano estaria em grande desvantagem, sendo um alvo fácil para o ‘dragão chinês’.
Já analistas norte-americanos acreditam que o artigo é apenas uma forma de propaganda das alegadas capacidades chinesas, já que o J-20 sequer dispõem de um motor produzido localmente. Além disso, as primeiras versões do J-20 utilizavam motores sem empuxo vetorado, o que o tornariam menos manobrável em combate de curto alcance. Outro ponto é o uso de canards, o que representa uma limitação de manobrabilidade do projeto, exigindo assim um recurso extra e que aumenta a assinatura radar do caça chinês.
Um eventual encontro em combate real entre o F-22 e o J-20 é considerado pouco provável, visto que levaria as duas maiores potências do planeta a um enfrentamento com danos colaterais superiores as perdas militares. Além disso, sendo potencias nucleares é pouco crível que um dia haverá uma escalada bélica nas relações entre Pequim e Washington.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 17/08/2020, às 11h11 - Atualizado em 19/08/2020, às 10h23
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