Recertificação poderá ser usada como moeda de troca com os Estados Unidos
Após trinta meses as autoridades aeronáuticas chinesas ainda avaliam se devem liberar os voos com o avião
Após quase trinta meses a China poderá liberar o retorno dos voos com o Boeing 737 MAX no país. A expectativa é que a autoridade de aviação chinesa conclua nas próximas semanas o longo processo de análise da documentação das mudanças promovidas pela Boeing.
O país foi o primeiro a proibir os voos com a família 737 MAX, apenas algumas horas após o acidente fatal com o voo da Ethiopian Airlines em 10 de março de 2019, e que deixou 149 vítimas fatais.
Na ocasião o mercado acreditou que a medida era uma forma de pressionar os Estados Unidos nas disputas comerciais, que estavam no auge das tensões naquele início de ano. Todavia, a sequência de proibições de voos no mundo demonstrou a gravidade dos problemas existentes naquele momento em toda família 737 MAX.
Exatos dois anos após a proibição dos voos, quando diversos países no mundo já haviam liberado o retorno das operações, a China voltou a afirmar que tinha “grandes preocupações” em relação a segurança do modelo. Atualmente o 737 MAX foi liberado em mais de 170 países, que validaram todas as mudanças promovidas pela Boeing.
Segundo a agência Bloomberg, a pressão chinesa faz parte de uma pressão política, sendo uma possível moeda de troca nas negociações comerciais com os Estados Unidos. Além disso, a demora para liberar os voos com o 737 MAX poderá favorecer o Comac C919, não apenas em termos comerciais, mas especialmente em relação a garantia de certificação do modelo pela FAA, a agência de aviação civil norte-americana.
Projeto do C919 foi totalmente desenvolvido na China e será rival para a família 737 MAX
Também existe uma pressão para resguardar o projeto chinês de um possível embargo de exportação. Grande parte dos sistemas dos C919, incluindo seus motores, são produzidos por empresas dos Estados Unidos.
A retomada dos voos do 737 MAX na China é vista como primordial para a Boeing, que depende das vendas do modelo para se reestruturar e iniciar o longo processo de pagamento de sua dívida de US$ 64 bilhões (R$335,8 bilhões).
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 12/07/2021, às 11h00 - Atualizado às 11h31
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