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Existe ou não mercado?

Boeing posterga para o próximo ano definição sobre seu novo avião

Futuro 797 enfrenta ceticismo do mercado e Airbus coloca em dúvidas estratégia do principal concorrente


A Boeing adiou para 2020 a decisão sobre seu mais novo avião, que deverá se tornar o 797. O conceito New Mid-market Airplane (NMA) prevê um novo modelo de avião para a faixa entre os 737 Max 10 e 787-8.

O anuncio sobre a mudança no cronograma ocorreu durante a apresentação dos resultados anuais da Boeing. O fabricante norte-americano prevê uma família de aeronaves de 200 a 270 assentos, com alcance dentre 4.000 e 5.000 nm, podendo ter um conceito similar ao existente no 757 e 767, que compartilhavam uma série de sistemas, oferecendo uma aeronave de corredor único e outra com dois corredores. O projeto está sendo estudado pelo fabricante desde 2012, embora não tenha chegado a um modelo final.

Todavia, analistas acreditam que a Boeing deveria pensar em um substituto imediato para o 737 MAX, que é a quarta geração do veterano 737, que se aproxima do limite de atualizações possíveis para a plataforma básica. Durante conferência na Irlanda, o ex-CCO da Airbus, John Leahy, afirmou que não vê um mercado potencial para o NMA no conceito atual. “Seria mais lógico para a Boeing desenvolver um sucesso para a família 737, em vez do 797” afirmou. O executivo aponta que o mercado projetado para o 797 é bastante restrito para justificar tal investimento, com estimativas de vendas na ordem de 2.000 aviões em 20 anos.  “É um mercado de provavelmente 2.000 aviões e você está gastando US$ 15 bilhões para desenvolver um avião. Você tem que amortizar isso. Os números simplesmente não fecham”.

Contudo, desde a última edição do Farnborough Airshow, em julho de 2018, o programa NMA mesmo discreto chamou atenção do mercado, na ocasião o vice-presidente de marketing da Boeing, Randy Tinseth, diz que o trabalho continua, embora não tivesse novidades. “Não há muito o que contar, ainda planejamos tomar uma decisão sobre o programa no ano que vem”, afirmou.

Ainda assim, a expectativa é que o novo avião possa entrar em serviço em meados de 2025, aproveitando o momento de retomada do crescimento global por viagens aéreas.

Os principais fabricantes de motores acreditam no potencial para até 2.500 aeronaves da classe do NMA, o que restringiria a venda para cada fabricante em pouco mais de 1.200 aeronaves, o número é próximo ao obtido pelo Boeing 767 nos últimos 40 anos.

Um dos desafios para uma nova geração de aeronaves comerciais é tornar mais leves e eficientes os motores atuais. Os novos motores empregados nos Airbus A320neo e 737 MAX, oferecem uma redução de combustível de até 25%, em relação a geração anterior. Um eventual modelo completamente novo, mesmo empregando materiais compostos e aerodinâmica de última geração, ofereceria aproximadamente 5% em eficiência em relação aos A320neo e 737 MAX, pela restrição tecnológica de motores.

O desenvolvimento do NMA busca aproveitar o potencial do mercado para modelos com média capacidade e longo alcance, substituindo os veteranos Boeing 757 e oferecendo um modelo que possa ser até 5% mais eficiente que os A321neo.

Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 04/02/2019, às 16h00 - Atualizado às 18h06


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