CEO da Boeing disse que pode desistir do MAX 10 por problemas regulatórios
A Boeing poderá desistir do 737 MAX 10 por conta de problemas regulatórios envolvendo o Congresso dos Estados Unidos e a FAA.
A afirmação foi dada pelo CEO da Boeing, Dave Calhoun, em entrevista a revista Aviation Week. O prazo para certificação do 737 MAX 10 encerra em dezembro, caso contrário terá de atender aos novos requisitos aprovados pelas reformas regulatórias da FAA, criadas em 2020, depois dos dois acidentes fatais do modelo que mataram quase 350 pessoas e que preve uma série de mudanças, como inclusão de um novo sistema de alerta para os pilotos. As novas regras entrarão em vigor no primeiro dia de 2023.
Caso a certificação não seja obtida no prazo, a Boeing terá que reformular o sistema de alerta da tripulação do novo avião e treinar os pilotos separadamente. Na prática significa ter dois aviões diferentes na mesma família, segregando os times de voo e ampliando os custos das empresas aéreas. Assim, o CEO da Boeing deu a entender que descarta esta hipótese de um avião reformulado. "Acho que nosso caso é persuasivo o suficiente. (...) Este é um risco que estou disposto a correr. Se eu perder a luta, perco a luta", disse Calhoun, na entrevista.
As declarações poderão pressionar o Congresso norte-americano a flexibilizar ou abrir mão das mudanças regulatórias. O 737 MAX 10 é o maior avião da familia 737 MAX e possui mais de 600 pedidos por parte de 15 companhias aéreas de todo o mundo, inclusive da Gol Linhas Aéreas, no Brasil, com 22 unidades.
"Se você passar pelas coisas pelas quais passamos, as dívidas que tivemos que acumular, nossa capacidade de responder ou a vontade de ver as coisas mesmo em um mundo sem o MAX 10 não é tão ameaçador", disse o CEO, em tom de desabafo.
Por Marcel Cardoso
Publicado em 07/07/2022, às 13h55
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