Entenda os motivos logísticos e operacionais por trás dos voos noturnos e chegadas na madrugada em aeroportos brasileiros
Por Marcel Cardoso Publicado em 10/07/2025, às 06h17
A maioria dos voos de longa distância partindo da Europa, África e Oriente Médio pousa no continente americano no período da tarde, com pico às 16h. No entanto, nos países da América Latina uma parcela desses voos chegam ou saem entre meia-noite e 3h.
Dados da Cirium Diio revelam que, em julho, que diversos voos operam nos horários da madrugada nas Américas, sobretudo para o Brasil e México. A escassez de slots nos maiores aeroportos e as longas distâncias de alguns voos explicam essa programação.
No Brasil, a cidade de Recife tem se consolidado como hub para esses voos noturnos. A TAP Air Portugal, que opera na capital pernambucana desde 2017, ampliou para 12 o número de voos semanais entre Lisboa e Recife, com aterrissagens programadas no intervalo entre 0h e 3h a partir de 2024. A escassez de slots no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, é um dos fatores que empurram as partidas para horários menos convencionais, o que também explica partidas de Miami para Lisboa às 3h55.
Outros mercados seguem a mesma tendência. A Turkish Airlines, por exemplo, opera dez voos semanais entre Istambul e a Cidade do México, sendo que três chegam às 1h35. O Boeing 787-9, com capacidade para 300 passageiros, continua o voo para Cancún, uma estratégia para evitar restrições de decolagem impostas pela altitude da capital mexicana.
Essa movimentação reforça o papel estratégico do Brasil, especialmente do Nordeste, como porta de entrada para voos transatlânticos em horários alternativos, conectando-se aos desafios logísticos e operacionais impostos por grandes hubs europeus e latino-americanos.
A programação dos voos resulta de um processo complexo de alocação de aeronaves em centenas de rotas ao redor do mundo, exigindo planejamento detalhado para maximizar a utilização da frota. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, operações que chegam ou partem durante a madrugada geralmente refletem restrições de slots e demandas logísticas das companhias aéreas.
Alguns voos noturnos são estratégicos para ampliar a conectividade com a malha da própria empresa ou de parceiras. Além disso, trajetos muito longos — com mais de 13 horas de duração — podem exigir partidas diurnas e chegadas nas primeiras horas da madrugada em aeroportos brasileiros. Já os voos que decolam nas primeiras horas do dia possibilitam chegada ao país de origem em horários favoráveis para conexões e melhor aproveitamento da aeronave no restante da programação diária.