O último voo do Concorde, um dos aviões mais emblemáticos do fim do século XX, aconteceu há 20 anos
Por Marcel Cardoso Publicado em 27/11/2023, às 06h31
Em 26 de novembro de 2003, o Concorde realizava o seu último voo, encerrando uma era na aviação supersônica.
A aeronave foi um dos mais ambiciosos projetos aeronáuticos, o que exigiu o desenvolvimento de uma série de tecnologias, muitas ainda em uso na aviação mundial.
#OTD 26 November 2003, Concorde made its final flight 😎✈️ pic.twitter.com/ELaeGu7mxQ
— Breaking Aviation News & Videos (@aviationbrk) November 26, 2023
Ela nasceu de um acordo binacional, entre Reino Unido e França, dois antigos rivais europeus, fato que inspirou a escolha do nome, uma homenagem à união dos dois países. Porém, com um consumo de uma tonelada de combustível por passageiro para atravessar o Oceano Atlântico, tornou o seu custo operacional extremamente alto, mesmo para os padrões da década de 1970, quando o mundo assistiu à primeira crise do petróleo.
Embora tenha realizado voos regulares para diversos pontos do mundo, após as constantes crises do petróleo, tanto a British Airways, quanto a Air France, decidiram manter apenas Nova Iorque como rota regular, realizando eventualmente algum voo fretado. A última vez que o Concorde visitou o Brasil foi durante a Copa de 1998, quando transportou alguns turistas para a França.
Porém, após o trágico acidente em 2000, quando um Concorde da Air France caiu logo após decolar de Paris, resultando na perda de vidas e levantando questões sobre a segurança do avião, os desafios para manter a operação comercial se tornaram cada vez mais difíceis. As investigações apontaram para uma peça de metal que danificou um dos pneus, causando uma série de eventos catastróficos.
Essa tragédia, combinada com os custos operacionais elevados e uma demanda diminuída após os ataques de 11 de setembro de 2001, levou ao anúncio do fim dos voos do Concorde. No entanto, mesmo após duas décadas desde seu último voo, o seu legado permanece vivo. Sua tecnologia e design continuam a inspirar aeronaves modernas, enquanto sua velocidade e elegância mantêm um lugar especial na memória coletiva da aviação.
Em outubro de 2020, a startup Boom Supersonic apresentou o demonstrador de tecnologia XB-1, para estudos de viabilidade do voo supersônico civil. Ele é tripulado por dois pilotos, sendo impulsionado por três motores três turbofans General Electric J85-15, que deverá permitir atingir até Mach 2.2 (aproximadamente 2.716 km/h).
Rebatizado posteriormente como Overture, ele capacidade para até 50 assentos em classe executiva e está sendo projetado para voar a velocidades de Mach 1,7 (2.100 km/h), quase o dobro da velocidade dos aviões comerciais atuais, com alcance de 4.250 nm (7.800 km). Voos internacionais de médio alcance poderão ser realizados em pouco mais de 3h30, ante quase sete horas dos aviões atuais.
Atualmente, a aeronave passa por resistências de fabricantes de motores, mesmo depois de ter recebido mais de 30 pedidos de duas companhias aéreas dos Estados Unidos. Cinco delas já desistiram do projeto, focando exclusivamente na aviação comercial convencional, onde há um mercado consolidado e promissor.
A CFM International foi a última a tomar a decisão. Em um evento realizado em outubro de 2022, Gaël Méheust, seu presidente e CEO, disse que não há mercado para este tipo de avião. "A visão atual da CFM é desenvolver um motor que melhore as emissões e o desempenho em comparação com os motores atuais. Existe um mercado de motores supersônicos que justifica o comprometimento de parte desses recursos?", questionou.
Em dezembro, foi anunciado o desenvolvimento do sistema de propulsão Symphony foi anunciado. Segundo o fabricante, o motor sob medida foi projetado para oferecer 25% a mais de tempo de voo e 10% de economia de custos operacionais às companhias aéreas. Nove meses depois, foi anunciada a contratação de Scott Powell, ex-engenheiro da Boeing, para desenvolver os motores do Overture.
A previsão é de que o modelo entre em operação comercial em 2029.