Último MD-80 da American é aposentado

Modelo marcou época e sua retirada de serviço simboliza também a última lembrança da TWA

Por Edmundo Ubiratan | Fotos: Divulgação Publicado em 05/09/2019, às 12h00 - Atualizado às 15h00

O MD-80 foi um dos mais icônicos aviões da American e seu status entre passageiros é similar ao Electra na Varig

A American Airlines realizou o último voo com o MD-80, que foi o cavalo de batalha da frota da empresa por quase quatro décadas. O modelo se tornou icônico na frota, ostentando a pintura clássica com a fuselagem em alumínio polido e as três faixas em azul, branco e vermelho, e voando para os principais destinos domésticos da companhia aérea nos Estados Unidos.

O derradeiro voo, sugestivamente designado como AA80, partiu de Dallas–Fort Worth com destino a Chicago. Em seguida aeronaves fez um voo de despedida com os funcionários da American, realizando um translado para o aeroporto de Roswell, Novo México, onde se encontrou com os outros 23 aviões do modelo que foram recém aposentados.

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Conhecido como Super 80 e Mad Dog o avião oferecia cabine com fileiras de cinco assentos e interior bastante silêncioso

Conhecido como Super 80 ou Mad Dog, o primeiro avião da família MD-80 chegou a frota da American em 1983, dando início a um processo de expansão do modelo, que passou a voar nas principais rotas, competindo com os Boeing 737 Classic e posteriormente com os Airbus A320 de empresas rivais. Ao ser introduzido em serviço, o Super 80 se destacava por ser um dos aviões com menor consumo de combustível na categoria, além de oferecer níveis de ruído bastante inferiores a maioria dos aviões operados até então.

Sua importância para a empresa foi tamanha que além da American ter sido a primeira das grandes companhias aéreas norte-americanas a adotar a aeronave, em 2003, eram 362 aeronaves na frota, representando aproximadamente um terço de todos os MD-80 já produzidos pela McDonnell Douglas.

Os três primeiros MD-80 da American passaram a voar em maio de 1983, atendendo seis cidades chaves da malha, entre elas Dallas-Fort Worth, Detroit e Nova York.

Parte dos MD-80 da TWA estavam em serviço na American Airlines, sua aposentadoria marca o fim da antiga empresa aérea

A aposentadoria do avião encerra outro capítulo da aviação norte-americana, ao representar o fim dos voos com as aeronaves oriundas da extinta TWA, que foi absorvida pela American Airlines em 2001. A outrora poderosa Trans World Airlines foi uma das empresas lançadoras do MD-80, utilizando diversas variantes do modelo, incluindo o MD-83 e o Boeing 717.

Quando a American comprou os ativos da TWA, que tinha sede em St. Louis, seus MD-80 que por quase 20 anos disputavam os céus com os Super 80 da American, foram absorvidos na frota e passaram a compartilhar os mesmos voos.  O aeroporto de St. Louis foi por muitos anos um grande hub da TWA, com mais de 300 voos diários, muitos deles operados pelos MD-80. Mesmo após o fim da empresa, o MD-80 ainda era uma visão regular do aeroporto e a lembrança para centenas de ex-funcionários da TWA.

Último MD-83 produzido estava em operação na American e foi aposentado recentemente

Inclusive, o último avião da série MD-80 foi construído na fábrica McDonnell Douglas, em Long Beach na Califórnia, e entregue à TWA em dezembro de 1999. O avião, um MD-83 (N984TW), foi um dos últimos a serem retirados de serviço.

O MD-80 representou para a American Airlines algo próximo ao Lockheed Electra para a Varig, que operou o quadrimotor turbo-hélice em suas principais rotas, inclusive internacionais e o eternizou na Ponte Aérea. Um dos destaques do MD-80 era sua configuração 3+2 que permitia maior conforto a bordo, aliado a seu menor nível de ruído interno. Apenas os passageiros nas últimas fileiras escutavam o motor, que era montado próximo ao cone de cauda.

“Esse era o meu avião. Não acredito que eles estejam levando meu avião”, comentou um passageiro frequente da American Airlines ao saber da aposentadoria do Mad Dog. “As pessoas se sentem assim - é um objeto de metal, mas você sabe como é”, disse Shiela Bachtell, ex-funcionária da TWA e que hoje trabalha na American Airlines.

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