Relatório aponta falha de projeto da Boeing em acidente com o 737 MAX da Ethiopian Airlines, ocorrido em 2019
Por Marcel Cardoso Publicado em 26/12/2022, às 13h00
Autoridades da Etiópia divulgaram hoje (26), o relatório final do acidente envolvendo o Boeing 737 MAX 8, da Ethiopian Airlines, que caiu após a decolagem de Adis Abeba, capital do país. O acidente aéreo ocorreu em 10 de março de 2019 e matou todas as 157 pessoas a bordo.
Ethiopian authorities finished the investigation into the cause of the March 2019 crash of Ethiopian Airlines flight #ET302, a Boeing 737 MAX 8
— Aviation Safety Network (ASN) (@AviationSafety) December 23, 2022
concluding that “the airplane’s left AOA sensor failed immediately after takeoff, sending faulty data to the flight control system" 1/2
O documento apontou que "o sensor AoA [sensor de ângulo de ataque] esquerdo do avião falhou imediatamente após a decolagem, enviando dados incorretos para o sistema de controle de voo", e por uma falha de projeto no Sistema de Aprimoramento de Características de Manobra (MCAS, na sigla em inglês), os "dados errados acionaram o MCAS, que baixou repetidamente o nariz do avião até o ponto em que os pilotos perderam o controle".
O MCAS manteve um ângulo de descida que fugiu do controle dos pilotos, fazendo o Boeing 737 MAX mergulhar com uma taxa de 33.000 pés/minuto já próximo do solo, indicando uma descida vertical.
Além disso, as autoridades apontaram que, durante o projeto da aeronave, a Boeing falhou em considerar o potencial de ativação não comandada do MCAS, mas “presumiu que os pilotos o reconheceriam e resolveriam através do uso normal da coluna do manche, com a compensação elétrica manual e do estabilizador existente”.
Os detalhes apontados pelas autoridades etíopes não diferem dos resultados divulgados por demais agências e investigadores que trabalharam nos problemas do 737 MAX e do problemático MCAS.
O acidente desencadeou a interrupção das operações com o 737 MAX em todo o mundo por 20 meses, até que a Boeing corrigisse os problemas encontrados no modelo e recebesse uma nova certificação da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA).