Em uma semana dois recordes aliam redução no ruído e na emissão de poluentes com alta velocidade
Por Edmundo Ubiratan | Fotos: Divulgação Publicado em 18/05/2019, às 17h00 - Atualizado às 18h42
Os recordes de velocidade são impressionantes, mas sob as condições certas, praticamente qualquer aeronave moderna pode estabelecer um novo recorde. No entanto, algumas situações especiais tornam a marca realmente relevante para a indústria aeronáutica, como estabelecer um recorde de velocidade partindo ou chegando de aeroporto desafiador em condições reais com passageiros, bagagem e carga total de combustível. Outro caso é empregar combustível alternativo, como derivados de compostos vegetais.
Dois casos marcantes ocorreram essa semana. O primeiro um Dassault Falcon 8X estabeleceu um novo recorde de velocidade nos Estados Unidos voando de costa a costa. O avião partiu de Santa Monica, na Califórnia, com destino a Teterboro, Nova Jersey. Um importante dado obtido no voo foi o nível de ruído durante os procedimentos de partida e subida, que registraram 95 dBA SEL, comprovando a diminuição do barulho causado pela nova geração de aeronaves. Além disso, a aeronave comprovou sua performance ao decolar de um aeroporto com uma pista de 1.050 metros, considerada extraordinariamente curta para um avião que dependeria de um elevado peso de decolagem para cumprir uma missão que cruzaria os Estados Unidos em alta velocidade. A melhora no desempenho tem comprovado o aperfeiçoamento dos motores aeronáuticos e aerodinâmica, permitindo operar em aeroportos restritos com elevada eficiência.
Já a norte-americana Gulfstream estabeleceu um novo recorde de velocidade voando entre Charleston, Carolina do Sul e Farnborough, Inglaterra – utilizando um biocombustível. O recorde, foi alcançado por G550, que percorreu 6.651 quilômetros, a uma velocidade média de Mach 0,85 em 7 horas e 13 minutos.
A aeronave será exposta em Genebra, Suíça, durante a EBACE, o maior evento de aviação de negócios da Europa. O voo entre os Estados Unidos e a Inglaterra faz parte de um vento para promover o uso de combustíveis alternativos para aviação. A aeronave foi abastecida com Sustainable Alternative Jet Fuel (SAJF), um derivado de hidrocarbonetos sintetizados aprovados para uso na aviação civil. O SAJF segue os padrões ASTM D1655, que estabelece e especifica o padrão para combustível de aviação.
“Como uma indústria, devemos continuar a promover a SAJF e seus benefícios e colaborar para encontrar uma solução para a infraestrutura e os desafios econômicos que impedem o uso generalizado do combustível em todo o mundo”, diz Mark Burns, presidente da Gulfstream.
Atualmente a maior parte dos biocombustíveis são uma mistura na ordem de 30% com querosene aeronáutico, criando uma mistura que pode gerar até 50% de redução nas emissões de poluentes. A expectativa do setor é que em breve aeronaves civis poderão ser abastecidas com 100% de biocombustível, ajudando a reduzir drasticamente o nível de poluição gerada pela aviação. O maior entrave é a produção desse tipo de combustível, que emprega grandes áreas de cultivo dedicadas. “O desafio será o manejo ambiental correto para evitar que a produção de biocombustível aeronáutico crie um impacto ambiental igual ou maior que de combustível fóssil”, explica Jorge Miranda, engenheiro químico.