FAB busca opções para substituir sua frota de aviões dedicado para vigiar o mar e a longa costa brasileira
Por André Magalhães Publicado em 23/09/2022, às 17h35
Vigiar e proteger a extensa costa brasileira não é uma tarefa fácil, afinal, são 13,5 milhões de quilômetros quadrados. A missão pode ser feita tanto pelo mar, quanto pelo ar. A Força Aérea Brasileira (FAB), ao lado da Marinha do Brasil, realiza a patrulha de grande parte das águas territoriais do país.
Atualmente tais operações são cumpridas pelo P-3AM Orion e pelo P-95 Bandeirulha, aeronaves desenvolvidas há várias décadas e modernizadas ao longo dos últimos anos.
O P-95 foi criado pela Embraer baseado no C-95 Bandeirante, com foco nas operações marítimas, incluindo vigilância, patrulha e busca e salvamento. O avião foi uma solução doméstica do Brasil para atender as necessidades da FAB em um período de desenvolvimento da indústria aeronáutica local e da falta de recursos para compra de modelos de maior capacidade, como o P-3 Orion.
Embora o Orion seja atualmente o principal avião da FAB para missões de patrulha, sua incorporação na frota aconteceu apenas em 2011. Mesmo sendo bastante capaz, especialmente após ter sido modernizado, o P-3 entrou em serviço no Brasil quando quase todos os operadores globais iniciavam sua aposentadoria.
Os P-3AM operam no Primeiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (1º/7º GAv) – Esquadrão Orungan – sediado na base aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro e anteriomente baseado em Salvador, na Bahia.
O P-3 Orion surgiu na década de 1960, de um requisito da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), baseado no L-188 Electra, avião que se notabilizou no Brasil na Ponte Aérea. Criado como um avião de patrulha marítima avançado, o P-3 se destacou principalmente no conflito do Vietnã. Na sequência formam lançados versões melhoradas e apefeiçoadas como os P-3B, P-3C, P-3F, RP-3D, dentre outros.
Na última década a FAB iniciou a modernização dos P-3A Orion e dos P-95 Bandeirulha, mas as células dos aviões estão ficando obsolentas e limitadas, demonstrando a necessidade de um novo vetor aéreo para cumprir esta importantíssima missão.
O P-3 Orion pode localizar, identificar e destruir submarinos inimigos, na chamada guerra antissubmarino (do termo em inglês Anti-submarine warfare – ASW).
O avião pode transportar vários armamentos, como o míssil antinavio Harpoon, cargas de profundidade, entre outros. Além disso, está equipado com sensores eletrônicos e sonoboias que possibilitam vigilâncias marítimas de longo alcance
Hoje, quando o assunto é patrulha marítima um dos principais modelos no mercado é o Boeing P-8 Poseidon, aeronave baseada no 737-800 e criado para missões de longa duração, oferecendo maior capacidade que os veteranos Orion.
O P-8 Poseidon pode cumprir diversas missões, como localizar e destruir submarinos, embarcações de superfície, operações de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR, na sigla em inglês), comunicação militar, controle avançado, e até mesmo busca e salvamento.
O modelo foi adquirido por diversos países, com destaque para os Estados Unidos, principal cliente, além da Índia, com o P-8I; a Força Aérea Real do Reino Unido (RAF), da Força Aérea Real Australiana (RAAF) e da Força Aérea Real Norueguesa.
Atualmente a FAB avalia as características do P-8 Poseidon, que oferece potencial para substituir a totalidade da frota de P-95 Bandeirulha e P-3AM Orion. Embora não seja confirmado, nem exista ainda um requerimento, uma solução nacional poderá ser adotada, neste caso baseada na plataforma dos Embraer E-Jet ou C-390 Milennium.