Tecnologia de comunicação poderá impedir pouso por instrumentos em ao menos uma centena de aeroportos
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 17/01/2022, às 10h49 - Atualizado às 11h01
Sistema de pouso por instrumentos opera em uma faixa de frenquência próxima da usada pelo 5G | Foto: Divulgação
O uso da tecnologia 5G continua causando sérios problemas para o transporte aéreo. A proximidade das faixas de operação entre a comunicação móvel e os sistemas de pouso por instrumentos se tornaram críticos nos Estados Unidos.
A FAA, a autoridade de aviação civil dos Estados Unidos, acredita que ao menos 55% da frota comercial ficará impedida de realizar pousos por instrumentos em dezenas de aeroportos onde o 5G em Banda-C estará operacional a partir do dia 19.
A nova tecnologia de comunicação está afetando diretamente a operação dos sistemas de pouso por instrumentos nos aeroportos e sistemas embarcados em aviões, em especial o Boeing 787, que conta com radioaltímetro de nova geração e que foi projetado para trabalhar em uma faixa de frequência agora muito próxima da esperada pelo 5G.
A tecnologia deverá afetar ao menos 88 aeroportos, dos quais 48 poderão operar com algumas limitações, inclusive do tipo de aeronave liberada para pousos por instrumentos.
Um dos temores é que o 5G deverá impedir pousos por instrumentos em operações de baixa ou nenhuma visibilidade, conhecidos como CAT II e CAT III. Com a limitação milhares de voos poderão ser cancelados ou desviados, especialmente no inverno.
Por ora, a FAA liberou menos da metade da frota comercial a operar em aeroportos onde o 5G estará operacional, afetando assim milhares de operações diárias.
“Mesmo com as aprovações concedidas pela FAA as companhias aéreas dos EUA não poderão operar a grande maioria dos voos de passageiros e de carga devido às restrições de voo relacionadas com 5G, a menos que [alguma] ação seja tomada antes da planejada entrada em funcionamento em 19 de janeiro”, disse o grupo de Ailines for America, associação que representa as maiores empresas aéreas do país.
As empresas de telecomunicações AT&T e Verizon assinaram um memorando concordando em criar zonas de buffer ao redor dos aeroportos por um período de seis meses. A intenção é buscar uma solução para contornar os problemas causados pelo 5G. Os EUA adotaram o 5G trabalhando na faixa de 3.700 a 3.800 Mhz enquanto os sistemas aeronáuticos atuam na frequência entre 4.200 a 4.400 Mhz.
Em dezembro a Boeing e Airbus já haviam protocolado na Casa Branca um pedido para revisão do uso da tecnologia 5G e das faixas de frequência autorizadas.